Daré pode fazer a sua última corrida na categoria

Desapontado com seu desempenho na Stock Car V8, Aírton Daré pode voltar ao automobilismo norte-americano em 2005 – mas nem por isso deixará de se empenhar na última etapa do Campeonato Brasileiro, programada para este domingo em Interlagos. Único autódromo em que acumulou conhecimento, é lá que o piloto da equipe AMG/Hope Recursos Humanos/Octane Motors poderá ter a medida de sua evolução ao longo das 11 etapas anteriores. Até agora, ele se sente sem base para avaliá-la, devido às muitas restrições da categoria.

“Não posso negar que estou insatisfeito com minha temporada”, reconhece. “Meus resultados ficaram bem abaixo do que jamais pensei, e há várias razões para isso. Começa pela minha total inexperiência em carros de turismo, já que toda minha carreira foi em monopostos, mas isso se agravou com a proibição de treinos entre as provas e a proibição de se usar a informática. Não quero culpar a organização da categoria, eu tinha conhecimento das regras quando ingressei na Stock, mas não esperava tantas dificuldades”.

Mesmo elogiando o ótimo ambiente amistoso dos boxes, Daré afirma que seu destino mais provável em 2005 é, de novo, o automobilismo norte-americano. “Outro aspecto que pesa muito é o financeiro. Lá, ganha-se bem mais, e não cabe aos pilotos procurar patrocínio, é tarefa das equipes. Se eu estivesse ganhando corridas ou andando na frente, talvez aceitasse buscar patrocínio, mas nessas condições me falta motivação para isso”, afirma Daré. Seu melhor resultado foi a volta mais rápida da quinta etapa, em Curitiba, melhorando o recorde anterior por mais de um segundo. “Minha melhor posição final foi o 11º lugar no Rio de Janeiro, e de largada foi 8º, em Interlagos. Isso não basta”.

O piloto de Bauru, porém, só tomará uma decisão final depois deste fim de semana. “Sempre que corremos pela segunda vez em uma pista, melhorei. Como esta vai ser a terceira corrida em Interlagos, vou poder avaliar melhor. Mas tem outras coisas que incomodam, como a proibição de testar fora dos fins de semana de corrida, de usar pneus novos nos treinos da sexta-feira e de coletar dados por computador. Dizem que é caro, mas os amortecedores são liberados, cada um usa o que quiser. Tem equipe gastando até 50 mil dólares só nisso, aí quem tem mais dinheiro leva vantagem. E ainda tem pilotos que defendem posição jogando o carro em cima dos outros, batem por trás para passar e quase nunca alguém é punido”.

Por outro lado, Daré reforça os pontos positivos da categoria. “A exposição na mídia é fantástica, o nível dos pilotos é fortíssimo, as equipes são excelentes, os motores são ótimos e fiz bons amigos. Tem mais coisas boas do que ruins, e repito que se eu deixar a Stock, é porque não me adaptei. Mas sei por que isso aconteceu e se corrigirem essas coisas, tudo vai melhorar. Inclusive para os pilotos que, como eu, têm quase tudo a aprender em carros de turismo, mas não estão dispostos a esperar três anos para se tornarem competitivos”.



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