Foi um acidente normal de corrida, daqueles que podem acontecer a qualquer momento. Mas é exatamente nessa hora que os promotores das categorias devem ficar atentos e aproveitar para programar novas regras relacionadas à segurança. O acidente em questão ocorreu na largada da 9ª etapa da Stock Car V8, disputada no último dia 19 de setembro no Autódromo Nelson Piquet, no Rio de Janeiro. Ao ficar praticamente imóvel no grid, o paulista Pedro Gomes, 3º no grid, virou alvo dos carros que vinham de trás, a maioria sem saber do obstáculo à frente. Quem levou a pior foi o piloto Neto De Nigris, que largava na 25ª posição e chegou a cerca de 160Km/h na traseira do Astra parado na pista, acertando-o em cheio. Acidentes deste tipo são extremamente perigosos e podem ter conseqüências sérias, como o que ocasionou a morte do piloto italiano Ricardo Paletti, na largada do GP do Canadá, em 1982.
Preocupada com a segurança ativa e passiva dos pilotos, a ABPE – Associação Brasileira de Pilotos e Equipes da Stock Car – realizou uma pesquisa sobre dois temas relacionados ao acidente, para saber a opinião de pilotos e equipes. Um deles seria a adoção obrigatória do HANS (Head and Neck Support), sistema que ancora o capacete em suportes encaixados nos ombros do piloto. Largamente utilizado no mundo todo, o HANS tem sua utilização facultada na Stock Car. Neto De Nigris, que achava o artefato incômodo, mudou de idéia após o acidente que lhe custou fraturas no rosto: “Já encomendei o meu. Minha resposta à pesquisa foi de que o uso deve ser mesmo obrigatório em regulamento, pois temos a péssima mania da acomodação. Se eu estivesse com o Hans na largada do Rio, as conseqüências seriam bem menores”, afirmou. Cem por cento dos entrevistados que se manifestaram quanto à adoção do HANS foi favorável à obrigatoriedade. A maioria dos pesquisados que não responderam é composta por donos de equipe, que preferiram delegar aos pilotos esta decisão.
Outro tema colocado em discussão foi a mudança no precedimento de largada, de estática para lançada. Nesse quesito houve divergência. Alguns pensam ser melhor a largada lançada, que acaba com o problema de um carro permanecer parado no grid. Outros optaram por deixar a regra como está. Estes somaram 14% dos pesquisados. A maioria dos que responderam – 33% – optou pela largada lançada, enquanto 53% não opinaram.
“Nosso objetivo é ouvir a opinião dos pilotos para depois pleitearmos a mudança de algumas regras. Já mandamos o resultado desta pesquisa para Confederação Brasileira de Automobilismo para abrirmos a discussão em torno deste assunto. A ABPE estará sempre preocupada com a segurança e com o fortalecimento das equipes da Stock Car”, declarou Fernando Parra, presidente da ABPE.