Análise – W Series, Rayssa Leal e a importância da representatividade no esporte

A W Series disputa em 2021 a segunda temporada de sua história. Com oito etapas em seu calendário que passa por Europa e América, a categoria exclusivamente feminina tem dado espaço e servido de vitrine para pilotas que muitas vezes não teriam chance no esporte a motor.

O certame foi idealizado por Catherine Bond Muir, ex-advogada esportiva e que tinha sonho e oferecer um importante primeiro passo para competidoras ao redor do mundo. Após muito pensar, levou para as pistas a categoria em 2019 – em 2020 teve de cancelar o campeonato pela pandemia do coronavírus.

No atual campeonato, 17 pilotas regulares e cinco reservas compõe o grid. No total, são 14 nacionalidades diferentes representadas na categoria feminina que passa por países como Hungria, Holanda e México.

Em apenas uma temporada e meia, a W Series já mostrou a importância de sua existência. Competidoras como Jamie Chadwick, primeira campeã da história e que disputou uma temporada da Fórmula Regional Europeia, Beitske Visser, atualmente no Mundial de Endurance, e Jessica Hawkins, embaixadora oficial da Aston Martin na F1, já conseguiram catapultar suas carreiras com apoio do certame.

Susie Wolff Fórmula E Venturi
Susie Wolff é chefe de equipe na Fórmula E (Foto: Venturi)

Chadwick, inclusive, fez questão de ressaltar a importância da categoria para jovens pilotas e como vai influenciar toda uma geração de competidoras. “Apesar do criticismo, em minha opinião, a W Series fez mais do que qualquer um para ajudar as mulheres no esporte a motor. Do meu ponto de vista, não pode discordar de que a W Series está tentando ajudar mais mulheres a entrarem no esporte”.

Cada vez mais as mulheres estão aparecendo no cenário internacional do esporte a motor. Seja dentro ou fora das pitas, exemplos como Simona de Silvestro, pilota, Beth Paretta e Susie Wolff, chefes de equipe na Indy e Fórmula E, respectivamente, e Rachel Loh, engenheira na Stock Car, estão se tornando mais comuns. E quanto mais forem vistas, mais serão copiadas e servirão de inspiração.

Nos últimos dias, temos vivido o período mais importante do esporte mundial, os Jogos Olímpicos Tóquio 2020. Desde a última semana estão sendo disputadas as mais diferentes modalidades, algumas delas inéditas, e o Brasil já conseguiu cinco medalhas – duas de bronze, duas de prata e uma de ouro.

Uma das medalhistas foi Rayssa Leal, mais conhecida por Fadinha. Satista de apenas 13 anos, enfrentou mulheres muito mais velhas na estreia da modalidade skate street na Olimpíada e com grande desempenho, conseguiu terminar no pódio com a segunda colocação.

Rayssa Leal Olimpíada Skate
Rayssa Leal, a Fadinha, levou prata (Foto: Reprodução)

O feito de uma garota nascida em imperatriz, no Maranhão, ter chegado à Olimpíada tão nova – é a atleta mais jovem do Brasil a ter ido à competição -, já é algo digno de aplausos. Entretanto, não apenas agora, mas no futuro, a marca que deixa é enorme.

Em entrevista em Tóquio, Fadinha já havia dito que vinha recebendo diversas mensagens de meninas que querem iniciar no esporte. “Saber que muitas meninas já me mandaram mensagem no Instagram falando que começaram a andar de skate ou os pais deixaram andar de skate por causa de um vídeo meu, eu fico muito feliz porque foi a mesma coisa comigo”, disse.

E Rayssa fez questão de ressaltar que o skate é, sim, para quem quiser praticar. “Todos os esportes são possíveis para todos os gêneros, eu sempre quis passar isso. No início eu sofri muitos preconceitos: ‘você tem de estudar, skate não vai dar futuro, skate é só para meninos’”, pontuou.

Vivemos tempos de mudanças em que inclusão e igualdade são pautas cada vez mais discutidas e difundidas. E em exemplos como W Series, Rayssa Leal e tantas outras mulheres conquistando o mundo, o futuro parece cada vez mais brilhante.