Engenheiros: “Volta em Brasília vale por duas”

Engenheiros e chefes de equipe que cuidarão neste fim de semana da preparação dos cerca de 90 carros esperados para o Renault Speed Show, no circuito de Brasília (DF), terão pela frente um quebra-cabeças para desvendar, já que o traçado do autódromo administrado pelo tricampeão Nelson Piquet oferece desafios únicos no calendário. “Aqui há um detalhe curioso: cada volta completada tem que ser computada como duas pelos engenheiros”, diz Eduardo Bassani, da equipe Bassani Racing, atual campeã da Fórmula Renault com o piloto Nelson Merlo e vencedora da etapa disputada pela categoria na Capital Federal em 2005. “Se isso não for levado em conta, ao final da corrida seu carro estará totalmente vulnerável ao ataque dos demais, pois não terá nenhuma estabilidade”.

O ‘detalhe curioso’ citado por Bassani é um grande pesadelo para os pilotos: “Em Brasília, mais do que em outras pistas, é preciso ser muito cuidadoso com os pneus. Não adianta fazer boas ultrapassagens e ganhar uma posição importante no começo se no final da prova você tiver que cedê-la para o adversário porque seu carro não faz bem as curvas. Desde o primeiro treino, acertar o carro para poupar pneus será a meta número um de todos os pilotos”, observa Diego Nunes (Chocolates Garoto/Aura), que disputa a Fórmula 3 Sul-Americana, outra categoria do Renault Speed Show. Diego já fez três poles este ano. “Aqui, fazer a pole não quer dizer muita coisa. O que vale mesmo é como o seu carro chega no final da corrida. É a hora da decisão”, continua Nunes. Também participarão do evento a Copa Clio e o Campeonato Brasileiro de Renault Super Clio, que fará em Brasília a primeira corrida pontuada de sua temporada de estréia.

Segundo engenheiros e pilotos, a combinação que faz uma volta em Brasília valer por duas reúne a alta capacidade de aderência do piso, a velocidade elevada do traçado, o fato de a extensão do circuito ser quase 50% superior à média das pistas brasileiras e a abrasividade do asfalto que, de acordo com informações da equipe Bassani Racing, ainda ostenta a mesma camada asfáltica aplicada na inauguração da pista, em 1974. “Tudo isso faz com que uma volta com pneus novos e uma com pneus usados tenha uma diferença enorme, de mais de 2,5 segundos. É uma eternidade em termos de automobilismo. Em uma pista normal, seria de em média um segundo”, opina o goiano Rodolpho Santos (Neosoro/Palu Suisse), de 17 anos. “É justamente por isso que a organização colocou um treino extra para os novatos no cronograma. Há muito o que aprender nesta pista”, continua Santos, que é um dos estreantes que compõem mais de 50% do grid da Fórmula Renault.

Para o engenheiro Eduardo Bassani, a pista de Brasília é atualmente um dos traçados brasileiros que separa pilotos e equipes que estão melhor preparados dos que ainda têm o que aprender. “Este é um circuito que desafia ao mesmo tempo a sua habilidade de ser veloz e a sua inteligência e capacidade de acertar o carro”, define ele. “Vencemos aqui em 2005 depois de muito trabalho e de muito esforço para decifrar uma fórmula que reduzisse o consumo dos pneus sem reduzir a velocidade do carro. Mas, no próximo fim de semana, vamos enfrentar tudo de novo. Como é regra no automobilismo, o importante é a evolução. E nossos rivais, com certeza, jamais ficam parados”.



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