A marca – que tem participação do governo russo – já venceu 14 vezes na prova off-road mais famosa do mundo. E chega de novo como favorita para 2018.
A Rússia vive um período de emoções distintas no mundo esportivo.
Se por um lado vai receber a Copa do Mundo da FIFA, entre junho e julho de 2018, por outro o país foi banido dos Jogos Olímpicos de Inverno, marcados para fevereiro na Coreia do Sul (em função de casos sistemáticos de doping). Tudo isso abalou bastante a confiança do torcedor mais patriótico daqueles lados do planeta.
Mas há pelo menos um esporte em que os russos, definitivamente, não sofrem com esses altos e baixos. Estamos falando do esporte a motor. Mais precisamente, da prova off-road mais famosa do mundo, o Rally Dakar.
Representada pela marca Kamaz, a Rússia simplesmente tomou conta do rali na categoria caminhões, de um jeito que ninguém jamais havia sonhado que pudesse acontecer. No total, já são 14 vitórias conquistadas tanto na África quanto na América do Sul, que passou a receber a prova mais recentemente (as vitórias foram em 1996, 2000, 2002 a 2006, 2009 a 2011, 2013 a 2015 e 2017).
É mais do que o dobro de vitórias da segunda maior campeã, a tcheca Tatra.
Mas de onde vem o sucesso da Kamaz? Bem, como gostam de dizer as montadoras, a paixão por desafios está ‘no DNA da empresa’. Fundada em 1969, a Kamaz fabricou seu primeiro caminhão em 1976, tornando-se rapidamente uma referência mundial em terrenos muito exigentes (como o Norte da África e a própria Sibéria).
Enquanto o mundo vivia sob a tensão da Guerra Fria, a Kamaz arrancava sorrisos do Exército da União Soviética entregando caminhões cada vez mais potentes e robustos. Ainda hoje ela fornece veículos para os militares russos (e nem poderia ser diferente já que, entre seus proprietários, está o governo de Vladimir Putin).
Mas pra eles, era duro pensar em rali antes da queda do muro de Berlim. Não eram convidados exatamente bem-vindos do outro lado da Cortina de Ferro. Exatamente por isso, a primeira aparição da Kamaz no Dakar só foi rolar em 1990.
O sucesso não foi imediato, mas aos poucos a marca se entendeu com o estilo de competição. Em 1996, veio a primeira vitória, com o trio Viktor Moskovskikh, Anatoli Kouzmine, Nail Bagavetdinov. Voltaria a ganhar em 2000, com Vladimir Chagin, Semen Yakubov e Sergey Savostin, e depois disso nunca mais parou.
Vladimir Chagin (este da vitória de 2000) não corre mais, mas ainda é peça fundamental no plano da Kamaz: é ele quem chefia o Team Kamaz Master, a equipe oficial de fábrica.
Chagin é uma verdadeira lenda do Dakar, o segundo homem que mais venceu especiais (trechos) do rali em toda a história. Só perde para Stéphane Peterhansel. Cabe a ele comandar os quatro caminhões que a Kamaz enviou ao Rally Dakar 2018, e que vão desembarcar no porto de Callao, no Peru, agora no dia 2 de janeiro.
De lá, partem para Lima, a capital, onde a jornada de 9 mil km terá início.
Frio na barriga? Pfffff…
“Na verdade, é a primeira vez em muitos anos que vamos conseguir passar o Ano Novo em casa, já que o Dakar só começa dia 6 de janeiro. Então, estamos bem tranquilos. Mas a prova vai ser especial: é a 40ª edição do Dakar, e o 30º aniversário da nossa equipe. Traz mais responsabilidade, mas estamos confiantes em brigar pela vitória”, comenta Vladimir Chagin.
O Team Kamaz Master integra o Red Bull Desert Wings (dream team da Red Bull no rali Dakar) desde 2009. Um dos pilotos – favoritíssimo à vitória – é Eduard Nikolaev.
Eduard foi o campeão de 2017.
“Estou ansioso pra acelerar. A parte mais interessante é a peruana, com trechos de areia bem difíceis, bem tradicionais, grandes dunas. Vai ser uma briga boa, já que praticamente não vamos ter um ‘aquecimento’ para estes trechos. Já vamos começar o rali pegando pesado”, descreve Eduard Nikolaev.
O Rally Dakar 2018 será exibido para o mundo inteiro (inclusive para o Brasil) pela Red Bull TV. O programa diário com os melhores momentos e as melhores histórias será exibido sempre às 22h (de Brasília) direto do parque de apoio do Dakar.
