Vida de mecânico no Rally dos Sertões: Suor, cansaço e saudades

Festejados pelos fãs, imprensa, organizadores e patrocinadores, os pilotos e navegadores do Rally dos Sertões são, sem dúvida, as estrelas da mais difícil e longa prova do off road da América Latina e um dos três maiores rallyes do mundo. No entanto, tem muita gente que não aparece na mídia, mas é responsável pelo que a gente vê. Trabalhadores incansáveis e torcedores fervorosos, os mecânicos passam por situações tão desgastantes quanto os competidores. “Mesmo com todas as adversidades com o trabalho, e mesmo pessoais, o melhor de tudo é superar os desafios e chegar lá em Fortaleza. Nem digo vencer, só de chegar já é um grande feito”, enaltece o mineiro Humberto Dias, mecânico do Chevrolet Rally Team, time bicampeão da prova. O Rally dos Sertões tem duração de 10 dias, percorrendo mais de 4.000 km em Goiás, Tocantins, Maranhão, terminando dia 10 de julho na capital do Ceará.

Mecânico há 15 anos, e especialista em Rally Cross Country desde 2000, Humberto já se acostumou a deixar a esposa e suas duas filhas na casa dos avós para acompanhar as corridas. “No rally você não tem horários e viaja muito. Precisa ter paixão para fazer isto, superarando sono, cansaço e às vezes sede e fome”, explica o mecânico de 33 anos de idade. “Não é o meu caso, ou de nossa equipe. Mas o pior em um Rally dos Sertões é o cansaço dos mecânicos de equipes menores, que tem que fazer a manutenção de dia, de noite e, ainda, dirigir o carro de apoio por horas”, lembra o mineiro.

Para que os mecânicos não fiquem sobrecarregados, e possam atuar de forma eficiente e sem muitos desgastes, a equipe Chevrolet tem uma grande estrutura, com boa organização. “É fundamental que cada membro da equipe tenha suas funções definidas. Desta forma, evita-se que haja duas pessoas cuidando da mesma coisa, ou o que é pior, ninguém cuidando de determinado assunto ou área. Por isso, temos uma estrutura que conta com 16 mecânicos”, define Pedro Barroso, Diretor Técnico do Chevrolet Rally Team. A equipe tem ainda eletricista, soldador, ferramenteiro, almoxarife e especialistas em motor, amortecedores e pneus, totalizando 45 pessoas com os cozinheiros, motoristas, chefes de equipe e competidores.

As equipes mais organizadas funcionam em dois turnos. A equipe diurna é composta de carros de apoio rápido (geralmente picapes), transportando mecânicos e um motorista experiente em off road, com peças de reposição e ferramentas. O seu objetivo é esperar os carros de corrida no início ou no final dos trechos cronometrados (dependendo da estratégia definida no dia anterior), para fazer a manutenção ou reparação necessária.

A equipe noturna vai direto de uma cidade a outra e é composta de um caminhão de peças (com tudo que se possa imaginar, de pneus a peças de carroceria, passando por motores, caixas de câmbio, diferenciais, amortecedores etc.), um caminhão oficina e um ônibus leito, que acaba sendo o hotel onde o pessoal da equipe noturna dorme. Neste ônibus viajam os mecânicos que trabalham a noite.

Quando termina o dia para os pilotos e para a equipe de apoio diurna, começa a rotina da equipe noturna, que faz os reparos pesados para os carros continuarem no dia seguinte. “É impressionante o trabalho deste pessoal e alguns carros chegam a ser literalmente reconstruídos de uma noite para o outro dia”, elogia Barroso.

O trabalho é encerrado quando fica pronto o último carro e na seqüência, o comboio pega a estrada para só parar na próxima cidade. É nestes momentos em que bate a maior dor nos mecânicos: a saudade. “Durante o deslocamento você pensa em muita coisa. Pensa no que você deixou em casa. Dá saudade da família. Mas não dá vontade de desistir disso, não. O dia em que eu parar, esta vida me deixará saudades”, define Humberto Dias.

O Chevrolet Rally Team tem o apoio de Chevrolet/Pneus Goodyear/Garrett/Dana/ Globaltrac/Globalstar/MWM Motores Diesel/Scorro/Motul.



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