Após três dias de folgas forçadas, o Rally Paris-Dakar recomeçou nesta terça-feira. E a volta à disputa foi um castigo, com a poeira sendo o principal adversário dos competidores na etapa envolvendo duas capitais de dois países: Bobo Dioulasso, em Burkina Fasso, e Bamako, no Mali. Vantagem só para quem largou na frente, mas para os demais concorrentes um vôo cego durante 213 quilômetros de estradas de terra cheia de animais.
Os pilotos brasileiros da equipe Petrobras Lubrax terminaram bem o dia. Jean Azevedo subiu uma posição na classificação geral acumulada e agora aparece em 14º na soma dos tempos desde a largada. Ele começou o dia “cego”. A poeira densa de dois pilotos que andavam juntos à frente dele fizeram o brasileiro diminuir a velocidade. “Não conseguia enxergar absolutamente nada, nem o painel da moto. Na primeira parte eu caí para a 29ª posição porque reduzi bastante o ritmo. Só no final consegui ultrapassar os dois que estavam me atrapalhando e fazendo poeira como um carro, e recuperei algumas posições”, contou Jean na chegada ao aeroporto de Bamako completamente coberto de pó.
Jean estava preocupado com um dos oito radares espalhados em vilarejos pelo percurso. “Eu não conseguia enxergar direito e acho que entrei mais rápido num deles, passando do limite de 30 quilômetros por hora. Vamos esperar para saber se haverá alguma punição ou não. Eu nunca desobedeço aos radares, mas hoje estava impossível até ler a planilha, espécie de mapa que lavamos no painel da moto com as informações sobre o percurso”, lamentou Jean, que corre com KTM 700 cilindradas.
Quem também sofreu bastante com a poeira foram os pilotos de carro. Klever Kolberg e Lourival Roldan chegaram a perder uma posição durante o percurso, caindo para décimo mas ao final da etapa retornaram ao nono lugar. “Como sabíamos que tinha muito pó e poeira, nem tentamos fazer ultrapassagens. Estava perigoso, com árvores na beira da pista e pontes estreitas com borda de concreto. O ideal era manter a posição”, contou Kolberg. “Fomos ultrapassados pelo Thierry Magnaldi na zona de radar. Estávamos no limite estabelecido pela organização e ele nos passou”, contou Kolberg. O piloto brasileiro achou a etapa desta terça-feira “tranqüila”. “Para quem vem fazendo trechos com mais de 730 quilômetros, foi até fácil”.
André Azevedo, no alto da cabine de um caminhão Tatra e mais protegido da poeira, também foi bem. Nos dois primeiros postos de controle ele passou em primeiro, mas perdeu a ponta para o russo Firdaus Kabirov, de Kamaz. Com o segundo lugar no trecho, André diminuiu a diferença em cerca de quatro minutos em relação ao líder, o também russo Vladimir Tchaguine (Kamaz). A diferença total é de 54m24s.
Próximos dias
Os dois dias do Rally Paris-Dakar devem ser bastante difíceis, principalmente a etapa de quarta-feira, entre Bamako, no Mali, e Ayoûn El Atroûs, na Mauritânia. A maior responsabilidade não estará nas mãos dos pilotos e sim dos navegadores. “Vai ser uma etapa complicada, exigindo bastante atenção. Primeiro pela distância (734 quilômetros no total, sendo 478 cronometrados) e depois por causa do grande número de bifurcações”, contou Lourival Roldan, navegador do Mitsubishi Pajero Full da equipe Petrobras Lubrax. “É preciso ter muita atenção para não errar o caminho”, disse Roldan.
Nesta terça-feira o vencedor do dia nos carros foi o francês Luc Alphand, da equipe BMW. Mas o também francês Stephane Peterhansel mantém a liderança na geral. Nas motos, Cyril Despres, que não teve problemas com a poeira, ganhou com diferença de quase seis minutos para o segundo colocado, o espanhol Marc Coma. Joan Roma, outro espanhol, vem conseguindo manter a ponta na classificação geral acumulada em duas rodas. O russo Vladimir Tchaguine é o primeiro nos caminhões e tem sido a pedra no sapato de André Azevedo.
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