Paris-Dakar: Organização erra, mas não assume

Um protesto generalizado quase causou uma reviravolta no Dakar. Dirigentes de equipes, pilotos e navegadores pediram que parte da etapa número 6, entre Zouerate e Tichit, na Mauritânia, fosse cancelada. A organização teria feito o reconhecimento dos 669 quilômetros do percurso apenas de helicóptero e não se deu conta que o terreno a ser percorrido era de areia extremamente fofa, elevando o gasto de combustível. Oficialmente, a organização diz ter feito o reconhecimento por terra.

Muitos veículos tiveram pane seca, caso do caminhão Tatra dos brasileiros André Azevedo e Luizão Azevedo. Devido ao problema, a dupla, que corre ao lado do navegador tcheco Mira Martinec, ficou parada 19 horas a 45 quilômetros da linha de chegada e caiu da vice-liderança para a 37ª colocação. O socorro prestado pela organização às dezenas de veículos sem combustível também teria sido desastrado, na opinião dos concorrentes. “A ajuda foi aleatória, privilegiando quem estava atrás, mais longe da linha de chegada”, disse André.

Entre as motos, o protesto dos pilotos refere-se ao privilégio dado a certos concorrentes, que teriam recebido mais gasolina do que os demais no único ponto de reabastecimento da etapa. O brasileiro Jean Azevedo recebeu apenas 20 litros. Há pilotos que teriam recebido 10 litros e outros que saíram do abastecimento com tanque cheio. Jean, vendo o ponteiro do marcador de combustível despencar, precisou tirar a mão nos quilômetros finais. “Perdi pelo menos dez minutos”, lamentou o brasileiro, que, mesmo assim, está entre os dez melhores do Dakar.

Na fatídica etapa entre Zouerate e Tichit, aconteceram 81 dos 166 abandonos da prova até agora. Mesmo com tantas evidências e muitos protestos, a organização convocou uma coletiva de imprensa e apenas disse que houve uma falha de comunicação. “O Dakar é imprevisível e segue normalmente”, disse, causando risos na platéia, Patrick Zaniroli, diretor da prova.



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