A organização evita tocar no assunto. Mas além da mística que envolve a prova, o Rally Paris-Dakar traz o macabro saldo de mais de 30 mortos nos seus 26 anos de existência. Já foram desta para uma melhor pilotos, navegadores, habitantes do deserto e até o criador da prova, Thierry Sabine, morto em um acidente de helicóptero no Dakar de 1986. Para a prova que começa no próximo dia 31 de dezembro, uma série de medidas foram tomadas para minimizar o risco de acidentes. Os 695 veículos, entre motos, carros e caminhões, largam de Barcelona ainda com eco do acidente fatal envolvendo o piloto francês Richard Sainct durante o Rally dos Faraós no último dia 29 de setembro. Sainct era figura certa no Dakar 2005.
Velocidade limitada
A “tolerância zero” adotada pela organização prevê velocidade máxima de 50 km/h para todos os veículos durante a passagem por vilarejos do deserto. “Por mais que a organização evite que a caravana passe perto das pequenas vilas espalhadas pelo Saara, isto às vezes acontece”, diz Klever Kolberg, piloto brasileiro que participa da prova pela 18ª vez. A cada quilômetro excedido, o piloto será penalizado com 30 segundos e multado em 300 euros. Em caso de reincidência, a punição aumenta – na quarta penalização, o competidor é eliminado da prova.
Os caminhões, que também entram na limitação acima, terão velocidade máxima de 150 km/h. O piloto brasileiro André Azevedo diz que a velocidade é espantosa para um veículo que pesa 10 toneladas. A nova limitação beneficia André, vice-campeão entre os caminhões no Dakar 2003. “Nosso Tatra alcança 165 km/h. Os Kamaz e os DAF podem chegar a 180 km/h. A limitação nivelou tudo”, diz André. Ele explica que a fiscalização será feita pelo GPS instalado nos próprios veículos. “O GPS vai ser o dedo-duro do Dakar.”
Sinalização visual e sonora
Uma inovação no pacote de segurança na prova de 2005 será a instalação de um equipamento que emite sinais visual e sonoro para acusar a presença de outro concorrente em um raio de 200 metros. A idéia é diminuir o risco de acidentes durante ultrapassagens. Mesmo os carros de apoio mecânico e médico serão equipados com o sistema.
Populações locais
A organização também ampliou o cinturão de segurança para os habitantes do deserto. A Radio France International e as rádios locais avisarão as populações locais sobre a passagem do rali. Quatro veículos estarão percorrendo o roteiro da prova três dias antes para explicar aos moradores os procedimentos de segurança por meio de conversas, megafones e cartazes. As autoridades locais também enviarão equipes para ajudar na passagem dos veículos sem riscos à segurança.
Aparato médico
Um terceiro helicóptero será utilizado este ano para aumentar a cobertura aérea da prova. O número de veículos médicos, batizados de Tango, aumentou para 10. Ao todo, 40 pessoas trabalharão na equipe médica.