Mostrando a força do Ford GT, modelo que vem dominando a temporada, as duplas Xandy Negrão-Andreas Mattheis e Walter Salles-Ricardo Rosset dividiram as vitórias na rodada dupla – 9ª e 10ª etapas – da GT3 Brasil neste domingo no Autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Com um primeiro lugar na abertura e um segundo no complemento da programação, Salles e Rosset roubaram por apenas um ponto a liderança de Xandy e Mattheis, que terminaram somente em 8º na bateria inicial, mas se recuperaram ao ganhar a segunda com folga.
Xandy e Mattheis foram surpreendidos por uma série de problemas no carro norte-americano na corrida da manhã. Segundo no grid, Mattheis escoltou o pole Salles até à parada obrigatória para troca de pilotos, quando entraram nos boxes simultaneamente. Mas a saída do companheiro Xandy Negrão um segundo antes dos dois minutos regulamentares custou uma punição – o retorno para o pagamento do tempo mínimo que restou. Além disso, ao parar e obstruir a saída dos boxes em função da pane, Xandy sofreu a reincidência da penalidade, o que comprometeu definitivamente o resultado.
“Este carro costuma apresentar esse problema com a parte eletrônica quando a temperatura do motor sobe durante a parada nos boxes. Apareceu uma falhação na volta de saída e tive de desligar e religar a chave geral para que tornasse a funcionar normalmente”, explicou Xandy, obrigado a batalhar para alcançar o último ponto distribuído pela classificação mesmo com o rendimento dos freios caindo a cada volta.
A segunda corrida revelou um panorama completamente diverso. Rosset saiu na pole, mas foi surpreendido pela ultrapassagem de Xandy ainda na primeira volta. A partir daí, o piloto da Equipe Medley foi ampliando a liderança gradativamente, até tomar um susto com o travamento do câmbio em terceira marcha. “Levei uma volta inteira tentando desengatar, até que a segunda entrou e depois o sistema voltou ao normal”, explicou. Com ampla vantagem, entregou o volante ao parceiro, que ampliou ainda mais a diferença e recebeu a bandeirada mais de 20 segundos à frente de Salles.
“Tudo funcionou perfeitamente na corrida final, provavelmente por causa da diminuição da temperatura ambiente. Com isso, conseguimos baixar também a temperatura da água de 104 para 93 graus”, analisou Mattheis, cuja dupla alcançou a terceira vitória no ano. “Sobre o problema de superaquecimento enfrentado pelo Xandy, ele também vem afetando os Ford GT na Europa e uma solução ainda não foi encontrada. Como haverá mudanças no regulamento a partir da próxima etapa, e os Ford GT perderão 100 quilos de lastro e a potência dos motores será reduzida em 100 cavalos, tanto o consumo dos freios como a temperatura deverão ser inimizados”, acrescentou.
O cineasta Walter Salles, que durante a semana esteve ocupado com o lançamento de nacional de “Linha de Passe”, seu mais recente trabalho como diretor e representante do Brasil no último Festival de Cannes, disse que algo mudou completamente o acerto do carro para a segunda prova. “Mas o que me complicou mesmo foi a elevação da temperatura do motor, que chegou a 115 graus e acionou o alarma exatamente como ocorreu na quebra em Brasília. Tive de andar três voltas em ritmo mais lento para diminuir a temperatura, mas mesmo que isso não tivesse acontecido não seria possível acompanhar o ritmo do Andreas”, reconheceu.