Com a quarta etapa no circuito inglês de Snetterton, na noite desta terça-feira, 2 de setembro, começa a segunda metade do Campeonato de E-Sports FIA Girls on Track, promovido pela CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo), por meio da parceria entre a CFA (Comissão Nacional Feminina de Automobilismo) e a CNAV (Comissão Nacional de Automobilismo Virtual), com organização da Max Arena. Disputada com o carro de Fórmula 4 no game iRacing, a primeira competição feminina de e-sports automobilístico do Brasil vem chamando a atenção pela alta competitividade.
Antonella Bassani venceu as duas provas da terceira etapa, disputada no circuito alemão de Oschersleben, em 19 de agosto, com Manuela Geron em 2º lugar e Paola Chiaraviglio em 3º em ambas as corridas. E continua na liderança do campeonato, seguida por Paola e Larissa Lambert. Mas na terceira etapa a briga foi mais acirrada do que nas corridas anteriores, para ela e para todas as outras pilotas. E houve mudanças de posições na tabela de classificação, com algumas avançando em detrimento de outras.
Manuela Geron cresceu na pista desde a primeira corrida, de 20 minutos, ultrapassou Antonella na largada da segunda prova, de 40 minutos, e liderou por algumas voltas. Com a boa performance, evoluiu no campeonato. Como também Juliana Petruschy, 4ª colocada na primeira corrida, e Daisy Marie, 5ª na primeira prova. Na corrida 2, Larissa deu show largando da 11ª posição para terminar em 4º lugar, assim como Jéssica Bohessef, que largou em 12º e acabou em 5º. Paola e Larissa continuam, respectivamente, na 2ª e 3ª posições do campeonato, mas sabendo que vão precisar dar duro nas pistas para mantê-las.
Convidadas – Na etapa de Oschersleben, Paola e Manuela correram com novas equipes.
A argentina Paola Chiaraviglio começou o Campeonato de E-Sports FIA Girls on Track pela portenha Team Gengar, mas, convidada pela brasileira Torresmo Racing, não hesitou em aceitar, apesar dos idiomas diferentes. “Decidi me juntar a esta equipe porque é muito competitiva e profissional. É um desafio para mim. Quero chegar ao topo com ela. Eu e o pessoal nos comunicamos usando tradutor, e eu vou aprendendo português enquanto eles vão aprendendo espanhol”, conta a ex-pilota de kart que ficou 25 anos sem correr de nada.
Há apenas 18 meses em e-sports automobilístico, ela disputou a Toyota Cup, a TCR e dois campeonatos de Fórmula 4 com homens. Agora, com a Torresmo Racing, está inscrita para o F4 E-Sports Argentina Champioship, que terá pré-classificação nesta quarta-feira, 3 de setembro. “Fazer parte de uma equipe é importante porque ajuda você a aprender e melhorar. Tanto a equipe quanto o piloto ganham experiência e, juntos, evoluem a cada dia. E há o apoio financeiro, principalmente para as inscrições em campeonatos. O apoio profissional vem dos conselhos que eles me dão para me ajudar a melhorar minha direção”, explica Paola.
Manuela Geron, que no passado fez parte da Myth E-sports, disputou as duas primeiras etapas do Campeonato de E-Sports FIA Girls on Track de forma independente, e, convidada pela Bravo Snow Schatten, integrou-se ao time. “As equipes do automobilismo virtual são iguais às do automobilismo real. Têm estrutura organizacional semelhante, com engenheiro de pista, rádio nas corridas, análise de dados de telemetria… E há vínculos entre as pessoas, treinamos juntos, decidimos estratégias, formamos times para revezamento em endurances e até nos encontramos em eventos ou confraternizações”, descreve a experiente pilota.
Ela não atribui sua brilhante performance na terceira etapa ao fato de estar em uma equipe, pois em e-sports automobilístico reina o imponderável, como em corridas reais, acrescido de falhas de conexão e queda de energia elétrica, por exemplo, mas afirma que “faz diferença ter um rádio, analisar telemetria, comparar dados com outros pilotos, analisar onboards”. E não é só isso: “Ajuda no quesito motivação e torcida, que obviamente te coloca em um astral diferente para competir! E já começou durante a semana nos treinos! Eu vejo os comentários no chat da transmissão da corrida, e sempre me emociono com a força que a galera manda”.
De olho nelas! – Bia Figueiredo, presidente da CFA – criada em 2023 por Giovanni Guerra, presidente da CBA – e comandante do FIA Girls on Track Brasil desde 2021, valoriza a integração de novas equipes: “Isso já é uma abertura de novos caminhos para as pilotas virtuais que estão competindo neste nosso primeiro campeonato. Ter o respaldo de uma equipe, disputar outros campeonatos, essas oportunidades levam à evolução das carreiras delas, que podem vir a se tornar pilotas virtuais profissionais. Esta hoje já é uma opção real. Ficamos muito contentes e gratas com esse acolhimento da Torresmo Racing e da Bravo Snow Schatten, e também de todas as equipes que já chegaram com as outras pilotas”.
Dois terços das competidoras do Campeonato de E-Sports FIA Girls on Track fazem parte de equipes. Larissa Lambert e Jéssica Bohessef são companheiras na Nitro Racing Team. Juliana Petruschky integra a Dragon Endurance Team. Thais Scoralich é da W2 e-Pro GP. Thais Palumbo corre com a Bengutan Racing. Jéssica Delfino é da VPR Racing Team. Bruna Tomaselli anda com a AC7 e-Racing Team. Daisy Marie, que é engenheira de pista, tem equipe própria, a Miss Daisy Racing, e busca outras pilotas para integrar seu time. Apenas Antonella Bassani, Bárbara Louly, Michaela Dias, Nathalia Xavier e Renata Camargo competem de forma independente. Por enquanto. Se é fato que em e-sports automobilístico tem ainda menos mulheres competindo do que no automobilismo real, também é fato que as equipes do universo virtual já estão de olho nelas!
Onde ver – As corridas são transmitidas pelos canais de YouTube da Max Arena e de Bia Figueiredo. Quarta etapa às 21h30 de terça-feira, 2 de setembro.
