Nick Monteiro tem apenas 19 anos, mas já sabe como quer estruturar sua carreira: sendo um piloto versátil, capaz de encarar qualquer desafio. Nascido nos Estados Unidos, o jovem conversou com o F1Mania.net durante a sexta etapa da NASCAR Brasil, no Velocitta, e comentou sobre seu mais novo desafio: a Indy NXT, categoria que prepara os pilotos para a IndyCar.
Nick é mentorado por Beto Monteiro — apesar do mesmo sobrenome, eles não são parentes. Beto é conhecido por transitar entre diferentes categorias do automobilismo e atualmente disputa provas da Copa Truck e da NASCAR Brasil. O jovem segue o exemplo, já tendo competido na F4 Brasil e Italiana, na Fórmula Regional da Oceania e na USF Pro 2000:
“A gente tenta correr no máximo de categorias possível. Eu estou fazendo Lamborghini Super Trofeo, Indy NXT, USF Pro 2000 e NASCAR Brasil. Quanto mais carros eu conseguir pilotar, melhor, porque isso me dá experiência. Assim, quando chega a hora, já estou preparado para o que pode acontecer. A vida de piloto é difícil, então é importante saber andar em tudo. Eu já pilotei GT3, GT4, NASCAR, LMP3… Se surgir uma oportunidade, não vou cair de paraquedas. Esse é um diferencial. Eu já tinha experiência na F4 Italiana e Brasileira, e depois fui direto para os EUA correr a USF Pro. Isso ajudou bastante para chegar preparado à Indy NXT, seja em relação às pistas, ao ambiente ou até aos pneus.”
O primeiro contato com a Indy NXT foi recente: Nick disputou o GP de Portland em 10 de agosto. Para ele, foi um verdadeiro choque dentro da pista, já que o carro é bem diferente do que estava acostumado a pilotar. “O Indy NXT é praticamente tudo dobrado: 500 cavalos, mais downforce e o mesmo peso do USF Pro. É muito diferente de tudo o que eu já pilotei. Nunca tinha andado em um carro com tanto downforce”, contou. “O clima muda, os pneus são fabricados de formas diferentes, tudo varia. Se você já chega sabendo como funciona, principalmente nos Estados Unidos, é uma grande vantagem”, analisou.

A adaptação, porém, não foi apenas técnica, mas também de ambiente. “Lá tudo é muito regrado, tem hora marcada para tudo, desde a pesagem. Nas categorias em que eu corria até o ano passado era mais solto, tipo ‘vai aqui agora, vai ali depois’. Também precisamos falar tudo certinho nas entrevistas, em relação às marcas e patrocinadores, tanto nossos quanto da categoria. É um novo mundo, e eu achei muito legal”, disse. O treinamento parece já estar surtindo efeito, já que Nick foi objetivo e seguro ao longo da entrevista.
Além disso, estar na Indy NXT coloca o piloto em contato direto com o universo da IndyCar, permitindo uma visão diferenciada da categoria. “Você já faz parte do ambiente da Indy. O track walk é junto, o paddock é o mesmo, fica todo mundo integrado. Funciona como a Fórmula 2, mas com ainda mais proximidade com os pilotos da categoria principal.”
Mas o choque não se limita aos aspectos técnicos e às formalidades. O jovem também revelou que ainda precisa se acostumar com a frieza do povo norte-americano: “Nos EUA as pessoas são mais focadas e secas. Se você faz pole, eles apertam sua mão, dizem ‘bom trabalho’ e vão embora. A gente até pensa: ‘pô, nem um abraço?’. No Brasil, quando você faz a pole, parece que ganhou um Mundial. Na Europa é um pouco mais aberto, eles gostam de comemorar mais. Nos EUA é assim: acabou, já pensam na próxima.”
Apesar disso, Nick destacou que existe muito respeito entre os competidores e que a categoria funciona como uma escada de aprendizado, onde todos colaboram. “É como uma peneira, um funil que vai afunilando. Na ponta da Indy NXT só ficam os que merecem, porque andaram bem nas categorias anteriores e batalharam muito para estar lá. Então há bastante respeito entre os pilotos. Na pista, trocamos informações e as disputas acabam sendo mais respeitosas”, relatou.

O foco do piloto, que está prestes a completar 20 anos, é se preparar para o próximo passo da carreira: chegar à IndyCar. “Até agora, dei poucas voltas: treino 1, treino 2, classificação e corrida. Antes disso, nunca tinha feito treino, e sair de um Tatuus para um Dallara é uma mudança enorme. Meu objetivo é aprender, fazer dois anos de Indy NXT e tentar chegar à IndyCar. Esse é o plano”, afirmou.
Nick também destacou a importância de se adaptar aos bastidores, principalmente na relação com a equipe. “A meta é absorver o máximo possível: conhecer as pistas, melhorar a comunicação com o engenheiro, porque lá é diferente. O rádio é aberto, então não podemos falar certas coisas, principalmente quando estamos irritados. Eu ainda sou um pouco agressivo no rádio, preciso me controlar. Mas o pensamento é nunca dar um passo para trás: é sempre olhar para frente”, finalizou.
