Para exercer qualquer tipo de profissão, é importante que o profissional mantenha a concentração e esteja saudável. Isso acontece também para os pilotos de carros. Mas imagine sofrer de um problema de saúde e, ainda assim, se tornar um dos mais importantes nomes do esporte a motor brasileiro? É o caso de André Bragantini, piloto que descobriu a síndrome de Tourette somente depois de adulto, foi campeão nas pistas e que agora lançou o projeto “Ultrapassando Limites”, onde realiza palestras motivacionais baseadas em concentração, constância e autoestima. Além disso, sua biografia será lançada em julho.

“Durante minha vida participei de inúmeros programas que abordaram não somente minha carreira, mas também a minha condição. Tive um retorno muito grande de pessoas que se inspiraram em minha história. Há uns 5 anos me deu um estalo de que eu precisava fazer algo pela sociedade, ajudar de alguma forma as pessoas que sofrem, não apenas da mesma síndrome que eu, mas com qualquer outra deficiência, depressão ou adversidade”, disse Bragantini, em entrevista ao F1Mania.net.
“Por muito muito tempo foi difícil para mim compreender o porquê de conviver com isso. Mas hoje eu sou grato a Deus, pois percebi que foi um ensinamento, algo para que eu evoluísse como pessoa e ser humano. Então criei o projeto Ultrapassando Limites, que engloba minhas palestras, motivacionais onde trabalho com três pilares: a concentração, constância e autoestima, além da biografia que vou lançar em julho”, segue o piloto.

“Ambos focam na minha história de superação trazendo o automobilismo como fator importante de ajuda nesse processo, mostrando como o esporte, seja ele qual for, pode ser relevante. A luta foi muito dura, mas como em tudo na minha vida eu nunca desisti. Montei um time muito profissional e consegui o apoio de vários patrocinadores e pessoas que estão me ajudando a realizar esse sonho e fazendo junto comigo esse projeto acontecer”, disse André, que espera que, com sua biografia, espera mostrar para as pessoas que elas podem superar os próprios limites.
“Acredito que todos nós temos uma história de superação. Se você conversar com cada pessoa, terá conteúdo para escrever um livro. Minha intenção é que por meio da minha história, todos percebam dentro de si que existem forças e motivos para continuar lutando e se motivando, a cada dia, para ultrapassar seus limites assim como eu ultrapassei os meus”, explica o piloto, que reconheceu jamais ter um livro contando sua história.
André Bragantini só descobriu a síndrome de Tourette quando adulto, apesar de passar por médicos ao longo da infância e da adolescência. “Descobrimos a doença apenas quando eu já tinha 22 anos, que foi quando tivemos o diagnóstico. Passamos toda minha infância e adolescência na dúvida do que eu tinha, pois em todos os médicos que eu ia e todos os tratamentos que eu fazia não identifica a síndrome. Isso foi um motivo de grande preocupação para os meus pais, por não saberem se era algo grave e se prejudicaria minha saúde”, disse Bragantini.
“Foi um médico ortomolecular que me disse o que eu tinha e isso foi um motivo de grande alívio para todos. Passamos por inúmeras e incontáveis dificuldades e obstáculos nesse período, até mesmo de tratamentos religiosos onde charlatões tentaram se aproveitar do nosso desespero pela cura. Foram momentos muito difíceis não somente para mim, como para toda a família”, segue o piloto.

Mesmo com o problema de saúde, Bragantini sempre foi capaz de conseguir bons resultados nas pistas. Prova disso são os títulos em campeonatos como a Copa Fiat Uno, o bicampeonato da Copa Fiat Palio. Além disso, André foi vice-campeão da Stock Light, em 2007, e do Troféu Linea, em 2010 e 2012. O piloto admite que a síndrome de Tourette jamais o atrapalhou durante as corridas.
“Graças a Deus a síndrome nunca foi um problema para mim dentro do cockpit. Aliás, toda atividade que me exige concentração, a Tourette regride consideravelmente. Muitos me fizeram essa pergunta, sobre como pilotar um carro em altas velocidades convivendo com os espasmos. Concentrado dentro do carro eles praticamente desaparecem. No início de minha carreira meu pai gravou um vídeo meu pilotando para provar que os espasmos não me ofereciam perigo e nem riscos aos outros pilotos”, explicou o piloto.
