“Achei que estava morto”, disse Wolff sobre seu acidente em Nurburgring quando era piloto

Toto Wolff, chefe da Mercedes, compartilhou uma experiência intensa de seu passado, relembrando um acidente em alta velocidade que aconteceu na lendária pista de Nurburgring-Nordschleife, também conhecida como o ‘Inferno Verde’, em 2009.

Nurburgring-Nordschleife é famoso por sua natureza desafiadora e perigosa, sendo um local onde a atenção e habilidades dos pilotos são constantemente testadas. Apesar de ter sido palco de um GP de Fórmula 1 pela última vez em 1976, a pista ainda é usada para diversas competições, incluindo a corrida anual de 24 Horas de GT.

Wolff, que inicialmente tinha aspirações de se tornar um piloto profissional antes de entrar na gestão de equipes, já tinha conquistado sucesso nesse circuito, ao vencer em sua categoria na corrida das 24 Horas de Nurburgring em 1994.

Em uma entrevista ao programa Desert Island Discs da BBC, Wolff compartilhou detalhes de sua decisão de retornar à pista em 2009 com a intenção de marcar sua própria presença no local. “Na época, havia a crença de que somente os pilotos locais conseguiam ser realmente rápidos lá”, disse Wolff. “Profissionais internacionais também tentaram enfrentar o desafio da Nordschleife, mas muitos deles não conseguiram se igualar aos pilotos locais.”

“Decidi mostrar que era possível desafiar esses recordes. No entanto, Niki Lauda, que sofreu um grave acidente na mesma pista e quase perdeu a vida, me advertiu: ‘Não seja imprudente. Ninguém se importa com o tempo de volta em Nordschleife. Você pode acabar se machucando’.”

Wolff explicou que, durante uma das voltas de treinos, ele superou o recorde estabelecido na pista. No entanto, ele começou a sentir que algo não estava certo com o carro enquanto estava em alta velocidade: “Foi quando percebi que algo estava errado”, disse ele. “Eu deveria ter interrompido a volta rápida imediatamente e voltado aos boxes.”

Infelizmente, as coisas tomaram um rumo perigoso para Wolff. Enquanto estava a aproximadamente 305 km/h, ele teve um pneu furado e colidiu com a barreira de proteção com uma força de impacto de 27G.

“O carro capotou várias vezes a uma velocidade impressionante”, lembrou Wolff. “Por sorte, o carro permaneceu na pista e não foi parar na floresta.”

Apesar do impacto assustador, Wolff conseguiu se desvencilhar dos destroços e sair do carro. “O carro finalmente parou após cerca de 350 metros. Eu estava ferido, mas instintivamente desliguei o rádio e consegui sair do carro. Me encontraram ainda de capacete, deitado na grama atrás da barreira de proteção. Eu sinceramente achei que estava morto.”

O acidente deixou Wolff bastante ferido, mas ele conseguiu escapar de lesões mais graves. Ele refletiu sobre o episódio, destacando os momentos de angústia enquanto esperava notícias sobre sua condição: “Após o acidente, me levaram ao hospital e fizeram uma ressonância magnética. Foi um momento terrível de espera para mim, enquanto aguardava as notícias. Quando o médico finalmente disse que eu tinha algumas fraturas, mas que minha medula espinhal estava intacta, senti um alívio imenso.”

Foi nesse momento que Wolff percebeu a gravidade da situação e tomou uma decisão importante.

“Eu disse a mim mesmo: ‘Se isso terminar em paralisia, essa foi realmente a ideia mais estúpida da minha vida’. Foi aí que prometi a mim mesmo que nunca mais me envolveria em corridas profissionais como piloto.”

A experiência impactante serviu como um lembrete poderoso para Wolff sobre os perigos inerentes ao automobilismo, e desde então ele se concentrou em seu papel de liderança, principalmente na Mercedes, ajudando a orientar a equipe para o sucesso tanto nas pistas quanto nos bastidores.