Gil de Ferran, bicampeão da Fórmula Mundial e vencedor das 500 Milhas de Indianápolis de 2003, estará nesta sexta-feira, dia 22 de outubro, realizando uma palestra para 200 pessoas durante a VIII Semana de Engenharia Mecânica da UNICAMP, organizada pela MOTRIZ, empresa júnior da faculdade, em Campinas, interior de São Paulo.
O piloto, que anunciou sua retirada das pistas ao final da temporada passada, veio ao Brasil a convite dos professores da UNICAMP, da SAE (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade) e da MOTRIZ. Ele também estará assistindo à última etapa do Mundial da Fórmula 1, no domingo (dia 24), em Interlagos.
Gil estudou engenharia mecânica até o terceiro ano, quando (em 1988) trancou a matrícula do curso para seguir sua carreira no automobilismo europeu.
A palestra terá início às 17 horas, no Ciclo Básico. Antes porém, o piloto recebe a imprensa, a partir das 16 horas, para entrevistas no auditório ID2 da FEM (Faculdade de Engenharia Mecânica).
– Qual será o tema da sua palestra para os estudantes?
Gil de Ferran – Palestra talvez seja uma palavra muito forte, vejo essa apresentação que vou fazer mais como uma conversa com os estudantes. Pretendo falar sobre a importância da engenharia nas pistas e fora também, o que nem sempre é reconhecido. Além disso, tenho um carinho especial pela área de educação. Eventos, como este, me aproximam mais daqueles que trabalham com isso diariamente e me dão a oportunidade de entender cada vez melhor sobre este ambiente e encontrar a melhor maneira para contribuir.
– Como a experiência de um piloto pode ajudar no dia a dia de um estudante de engenharia mecânica? Que tipo de mensagem você espera transmitir para eles?
Gil de Ferran – Como fui estudante de engenharia, embora há muitos anos, conheço um pouco este ambiente, as dificuldades e ansiedades que os estudantes têm em relação ao próprio futuro e como a sociedade em geral os enxerga. Vivi isso na pele. Fora da faculdade, fui testemunha do quão importante é a profissão em várias áreas, em diversos países, assim sendo, pretendo conversar sobre tudo isso.
– Você se sente à vontade como palestrante?
Gil de Ferran – Nem sempre. Ainda mais quando se considera a inteligência coletiva e o grau de instrução das pessoas a sua frente, o que com certeza será o caso da UNICAMP. Na verdade, gosto mais de interagir com as pessoas presentes, em um ambiente descontraído e energizado. Dessa maneira consigo entender melhor a cabeça daqueles que assistem, bem como o que têm curiosidade em saber. Tendo em vista que a platéia procura ter uma experiência enriquecedora, o compromisso entre falar sobre o assunto, do qual teoricamente se entende bem, e manter o interesse da platéia, é algo difícil de ser alcançado.
– Como aconteceu esse envolvimento com a SAE?
Gil de Ferran – Meu pai foi presidente da SAE no Brasil e trabalha na indústria automobilístico há mais de 40 anos. Por meio dele, conheci várias pessoas da organização ao longo dos anos. Quando a minha “fama” foi aumentando, devido aos resultados nas pistas, e o meu passado estudantil foi levado em consideração, me convidaram para fazer uma palestra no Congresso da SAE, durante a noite estudantil, em duas oportunidades. A apresentação do ano passado, acarretou outros convites, inclusive esse dos professores da UNICAMP, além da participação no congresso em Detroit (2004) e outra apresentação que deve ocorrer no ano que vem, em Washington.
– Em quantos eventos já esteve presente?
Gil de Ferran – Vários, tanto no Brasil quanto no exterior. Mas foram todos distintos. Já fiz muitos eventos para patrocinadores e outras empresas, mas foram muito diferentes deste que farei na UNICAMP.
– Qual o balanço você faz desta primeira temporada fora das pistas?
Gil de Ferran – Bem diferente e muito igual! Esperava viajar um pouco menos e de certa maneira isso aconteceu. Mas meu entusiasmo em perseguir novos projetos acabou fazendo com que eu continuasse bem ocupado. A grande diferença é que tenho feito muitas coisas diferentes, enquanto que no passado eu só pensava em pilotar. A boa notícia é que pela primeira vez, em pelo menos dez anos, consegui viajar por algumas semanas durante as férias escolares das crianças, o que foi ótimo!