O mundo do motociclismo sofreu mais uma tragédia neste último final de semana, com a morte de Dean Berta Viñales, primo de Maverick Vinales. Aos 15 anos de idade, ele era piloto da equipe do pai de Maverick, Ángel, no mundial de Supersport 300 – mesmo evento do Mundial de Superbike.
O acidente ocorreu na pista de Jerez de la Frontera. Segundo relatos, o espanhol acabou espalhando na curva 1 do autódromo, e quando retornou à pista se chocou com outro piloto. Após cair, ele acabou sendo atropelado por outras motos.
O acidente vem meses após a morte de Jason Dupasquier na Moto3, durante uma classificação em Mugello, em uma circunstância parecida.
Veterano da MotoGP e do Mundial de Superbike, o italiano Michel Fabrizio, atualmente correndo na Supersport 600, foi enfático e decidiu não participar do resto do final de semana, criticando o fato de o evento ter seguido no domingo após uma paralisação no sábado.
“Amanhã (domingo) vou me recusar a correr em respeito pela vida humana”, disse Fabrizio – de 42 anos, que fez 14 largadas da MotoGP, venceu quatro provas no Mundial de Superbike e terminou em terceiro a temporada de 2009 – em uma postagem nas redes sociais.
“Hoje testemunhei um dia ruim, a perda de um piloto de 15 anos.”
“Já vi muitas corridas nesta categoria, e cada vez que uma terminava, dava um suspiro de alívio porque tudo tinha corrido bem. Mas infelizmente nem sempre sai bem e hoje (sábado) o imprevisível – ou talvez o que sabíamos que ia acontecer – aconteceu.”
“Vejo indiferença por parte da Federação Internacional: alinhar 42 meninos na Copa Yamaha (felizmente deu tudo certo em 2021) e outros 42 no Mundial de Supersport 300. Muitos pilotos têm pouca ou nenhuma experiência, e isso não acontece apenas nos campeonatos mundiais, mas também nos nacionais, onde tudo se enche até a última vaga disponível para ganhar dinheiro”.
“O problema está na Moto3, na Talent Cup e nos campeonatos nacionais. Além disso, as pistas também têm de ser revistas e ter melhores escapes. Isso tudo se deve à FIM, que não cumpre o seu papel de salvar vidas e simplesmente prefere os negócios. É hora de os dirigentes de cada país intervirem. O primeiro a mandar uma mensagem forte foi Ayrton Senna, que disse que alguns circuitos eram perigosos e só depois de sua morte foram tomadas medidas. Hoje, há menos mortes na Fórmula 1, mas no motociclismo houve um massacre.”
“Há anos Valentino Rossi foi criticado quando Márquez entrou na MotoGP, porque ele se queixava das manobras ‘injustas’ dele. Tenho que concordar. Marc tornou-se uma referência: estes jovens emulam os seus feitos, ultrapassando o limite, apoiando-se no seu rival e arriscando cada centímetro.”
Por fim, o piloto – que retornou às competições em nível mundial neste ano – confirmou que decidiu se aposentar devido ao ocorrido.
“E eu vou me aposentar. É hora de dizer basta. Estou me retirando das corridas para enviar uma forte mensagem de protesto. Que as regras mudem para proteger vidas humanas. Estou deitado na minha cama de hotel há mais de 5 horas olhando no teto, pensando nos belos momentos que esse esporte me proporcionou. Mas quando voltei depois de seis anos vi que esse mundo havia mudado.”
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