O espanhol Marc Márquez se pronunciou pela primeira vez desde sua quarta cirurgia no braço direito. Depois de sofrer a contusão que o tirou da MotoGP por um ano, no GP da Espanha de 2020, o 93 teve uma recuperação atribulada, mas espera que consiga se restabelecer em 100% após essa intervenção.
Em uma carta aberta, ele agradeceu o apoio dos fãs e traçou a linha do tempo de como foi a decisão de fazer a nova cirurgia e como tem sido sua recuperação.
Confira na íntegra:
Recebi muitas mensagens de incentivo de vocês, fãs, e elas são muito apreciadas, especialmente em momentos como este. Eu quero que vocês saibam como estou indo com a minha recuperação.
A ideia de que talvez eu precisasse fazer outra operação estava aí desde setembro do ano passado. Estávamos verificando meu braço periodicamente, para ver a evolução da fratura após a terceira cirurgia. Quando a pré-temporada chegou, eu queria me convencer de que conseguiria, com a frase “o poder está na mente” como meu lema. Mas quando a temporada começou, percebi que as limitações eram muito grandes. Minha ideia era competir a temporada inteira –já que o osso não estava 100% consolidado desde a terceira operação –, mas sabendo das minhas limitações e escondendo o desconforto, para evitar questionamentos diários. Apenas os mais próximos de mim sabiam da situação.
O momento decisivo veio no GP da França, quando tudo estava preparado para uma tomografia computadorizada 3D. Tomamos a decisão de fazer uma nova operação. Fazer uma cirurgia nos Estados Unidos me surpreendeu muito, pela forma como eles planejaram o pré e o pós-operatório. É muito diferente da Espanha. O pós-operatório foi muito rápido, tive alta imediatamente e fui autorizado a voar de volta para casa. A preparação, por outro lado, foi muito bem planejada e tudo foi feito com bastante antecedência.
Antes da operação eu estava muito bem, mas nas horas seguintes me senti pior, por causa da anestesia e por causa da dor. Passei dois ou três dias mal, mas como não era a primeira vez que operávamos o braço e já sabia como seria, sabia que a dor era normal e que depois passaria.
Agora me sinto muito bem, porque não há dor. Ainda estou com o braço imobilizado e fazendo exercícios leves de mobilidade passiva. Me sinto motivado, porque a sensação é boa, e estou animado para começar a recuperação assim que os médicos me indicarem, para ver se meu braço funciona como deveria.
Meu sentimento atual é de esperança. Por causa da maneira como eu estava pilotando e competindo. Não me via na moto por muito mais tempo – talvez mais um ano ou dois. Depois da intervenção em Rochester, resta a esperança de poder continuar a competir sem dores e me divertir na moto.
Estou esperando que um raio-X seja feito na sexta semana. Dependendo de como for o resultado desse raio-X, escolheremos o caminho para a recuperação. Até lá, estou aproveitando um pouco de férias, porque ainda não podemos começar a recuperação 100%.
No momento, embora pareça que tenho muito tempo livre, planejo bem cada dia. Acordo cedo e saio para caminhar uma hora e meia. Então eu tento me manter ocupado com ligações com a equipe, com minha família ou coisas da casa. À tarde, comecei a trabalhar suavemente na parte inferior do corpo e um pouco no braço esquerdo.
Às vezes paro para pensar em motivação e, no meu caso, a única conclusão que chego é que a minha vem da paixão e do entusiasmo. Permanece o mesmo que tem sido por mais de dez anos. Também me leva a pensar no objetivo, que é me divertir e competir em bom nível, sem sofrimento ou dor.
Devo dizer que não estou sozinho neste caminho para a recuperação. Tenho sido apoiado por pilotos como Àlex Crivillé – que passou por algo semelhante –, Alberto Puig – que é a pessoa com quem tenho mais contato, porque também é o chefe da Repsol Honda Team – e também com Mick Doohan – porque ele teve vários ferimentos graves. São as pessoas que mais me aconselharam e agradeço-lhes o apoio.
Há também um ponto de referência em Rafa Nadal, que mesmo quando as pessoas pensavam que ele estava acabado, conseguiu superar a dor e vencer novamente. Estive com ele no Masters 1000 de Madrid. Sei tudo o que ele sofreu e é por isso que ele é uma referência para mim, porque embora não esteja no seu melhor, é capaz de vencer torneios como Roland Garros. Lembro que em uma coletiva de imprensa ele admitiu que a dor mudou seu humor, e eu entendo isso.
Antes de me despedir, quero agradecer mais uma vez pelo apoio que recebo de todos vocês. Prometo que farei de tudo para competir novamente e desfrutar de bons momentos juntos.
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