Análise: O que é ‘arm pump’, problema que tirou vitória de Quartararo na Espanha

Fabio Quartararo vinha para o que parecia ser uma vitória certa no GP da Espanha da MotoGP. O francês largou da pole-position e após perder algumas posições, se recuperou e liderava a prova com facilidade, mas na parte final começou a perder terreno e terminou apenas em 13º. Após a bandeirada, a explicação: estava sofrendo com o arm pump, ou síndrome compartimental, problema bastante comum entre motociclistas.

Não é a primeira vez que o piloto da Yamaha tem esse tipo de problema. Nesta semana, passou pela segunda cirurgia em três anos para tratar da lesão que pode ser desenvolvida por qualquer um, mas é mais comum entre os esportistas que participam de atividades que envolvem impacto repetitivo.

Mas afinal, o que é o arm pump? Com o nome técnico de síndrome compartimental do esforço crônico e é causada pelo acúmulo de pressão devido a uma hemorragia interna ou inchaço dos tecidos, o que causa uma redução do fluxo sanguíneo e priva os músculos e nervos de uma irrigação necessária. Os sintomas mais comuns entre os competidores são dor, formigamento e fraqueza.

Quando se exercita, o músculo se expande em volume. Para todos os pilotos do Mundial, o antebraço é usado em excesso durante treinos, classificação e corrida, especialmente na freada. A síndrome compartimental acontece quando a fáscia, um tecido conjuntivo que envolve o músculo, não se expande. Isso causa muita pressão e dor, o que justifica a queda de rendimento de Quartararo durante a corrida em Jerez. Após a prova, inclusive, foi possível ver o competidor chorando e com expressão de sofrimento em cima da moto.

Jack Miller (Ducati) - Catar MotoGP 2021
Jack Miller foi outro piloto que operou em 2021 Foto: MotoGP

Mas passar pela sala de operação em 2021 não foi algo restrito a apenas o francês. Jack Miller também passou por cirurgia para tratar da mesma questão entre a segunda etapa da temporada, no Catar, e o GP de Portugal, em Portimão – inclusive, seu tombo no TL3 português abriu os pontos, mas sem maiores problemas. Iker Lecuona também integra a lista dos operados.

Após o drama sofrido pelo vice-líder da classificação após o GP da Espanha, Joan Mir admitiu também sofrer de um leve arm pump, problema que tem monitorado. “Tenho um pouco. Quando tento ir além do piloto, acelerar, frear, sempre é muito difícil. É importante lidar bem com a situação. Não posso dizer mais, pois não tenho esse problema. Isso se manifesta mais em pistas que são exigentes. Essa não é a primeira vez que acontece com Fabio, né?”, disse o campeão de 2020.

Aleix Espargaró, da Aprilia, também é outro que tem sofrido com a síndrome, mas nada que o impeça de correr. “Sofri um pouco com o arm pump nas últimas voltas da corrida. Não tinha força para frear forte. Sofro muito com o braço direito, então, perdi um pouco de desempenho nas freadas. Não acho que seja Jerez. Acho que a MotoGP é sempre mais rápida, mais downforce, aerodinâmica e potência. Não somos máquinas como as motos, somos humanos”, disse o irmão de Pol.

O problema chegou até mesmo no grid da MotoE, categoria de motos elétricas que divide finais de semana com a MotoGP. María Herrera, única pilota, revelou que também teve de passar por cirurgia após sentir grande incômodo no braço e ser diagnosticada com a síndrome compartimental. Então, mais uma vez, mostrando como é uma questão comum para os pilotos de moto.

O arm pump ainda é uma lesão que atinge muitos pilotos da MotoGP – alguns, de maneira mais branda, outros, mais severas. Por sorte, uma cirurgia relativamente simples consegue tratar o problema, mas a questão que fica é: quem é o próximo que vai sofrer.



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