Durante uma entrevista concedida para um pequeno grupo de jornalistas em seu apartamento na capital paulista São Paulo, o piloto Lucas di Grassi, da Audi ABT Schaeffler, disse ser um “milagre” ocupar a terceira posição no Mundial de Pilotos da Fórmula E após os problemas que sofreu no início da temporada 2017/18 da categoria elétrica de monopostos.
Defendendo o título de campeão, a temporada 2017/18 começou com problemas para Di Grassi já nas duas etapas de abertura em Hong Kong. Largando na sexta posição na primeira corrida, após intensa briga por posições no pelotão da frente, um toque comprometeu a suspensão traseira direita do brasileiro dificultando a pilotagem do seu Audi e-tron FE04, terminando na P17.
“Não foi o melhor dia. Depois de um contato na relargada a minha suspensão traseira acabou quebrando e terminamos o dia sem pontos. Uma pena, porque o carro estava muito bom”, destacou Di Grassi após a corrida 1 em Hong Kong.

Na segunda corrida, largando em 12º lugar, o brasileiro ocupava a zona de pontuação quando seu carro parou no meio da pista. Di Grassi ainda reiniciou o sistema e conseguiu chegar aos boxes para sua troca obrigatória. O tempo perdido acabou com as chances do campeão da categoria pontuar na rodada dupla de abertura da temporada 2017/18.
Em Marraquexe para a terceira etapa do Mundial, Di Grassi liderou o primeiro treino e era um dos mais rápidos do final de semana, mais um problema técnico tirou a pole e as chances de vitória do brasileiro. Com o segundo tempo nas qualificatórias da Super Pole, o motor de seu Audi começou a apresentar falhas no trecho final de sua volta rápida, até então 0,8s mais veloz que a do pole position Sebastien Buemi, com Di Grassi largando na quinta posição para abandonar a corrida com o mesmo problema técnico sete voltas depois, quando já ocupava a quarta posição.

Durante a entrevista cedida em seu apartamento na capital paulista, onde a F1Mania.net estava presente, Di Grassi comentou o problema.
“Quebrava o inversor ali. Uma peça de um inversor de um drivetrain. Não tem muita explicação. Eles trocaram e parou de quebrar. Basicamente é isso”, disse Di Grassi.
“No carro do Daniel (Abt, seu companheiro de equipe) não quebrou nenhuma vez. Então na verdade pode ter sido uma peça defeituosa, de má produção.
“O pior é que é testado isso. Não é assim, ‘compra a peça e coloca’. Você pega o drivetrain que você vai homologar, passa no dinamômetro, passa pelo teste de vibração, passa no dinamômetro de estresse, faz algumas simulações de corrida. Aí então você homologa.
“Passou, passou tranquilo (nos testes), todas as peças normais, (e então na) primeira etapa quebrou”.
Chegando na capital chilena, Santiago, Di Grassi enfrentou então uma penalidade de 10 posições no grid de largada pela troca do inversor. Largando em 13º já era o sexto na primeira metade da corrida. No entanto, imediatamente após a troca de carro, o brasileiro teve que parar seu Audi E-tron FE04 depois de perder potência novamente.

No ePrix do México, quinta etapa do mundial, Di Grassi começou em 20º devido a uma penalidade de dez lugares no grid.
De 20º o brasileiro escalou para 13º ainda antes da parada para troca de carro na metade da corrida, onde foi forçado a cumprir uma penalidade adicional de cinco segundos, devido a punição no grid não ter sido aplicada em sua totalidade. Assim o piloto caiu para a 16ª posição.
Mas Di Grassi recuperou-se para a nona posição e foi recompensado com três pontos no final, um deles pela volta mais rápida. Foram os primeiros pontos do atual campeão da temporada após um início complicado com problemas no inversor de seu Audi e-tron FE04.

Foi então que a recuperação do brasileiro começou. No Uruguai, para o ePrix de Punta del Este, Di Grassi fez um “previsão” que acabaria se concretizando. “Acredito que teremos uma espécie de reinício da temporada e pretendemos agora estar entre os candidatos à vitória em todas as etapas até o final do campeonato”, disse Di Grassi antes do ePrix uruguaio.
Foram então quatro segundos lugares: Uruguai, Roma, Paris e Berlim, até culminar na vitória histórica do ePrix de Zurique que lhe deu a terceira posição no campeonato de mundial de pilotos, somando 101 pontos na temporada.

Ainda na entrevista concedida em seu apartamento em São Paulo, Di Grassi comentou o “milagre” de estar na terceira posição no Mundial e se disse tranquilo pelos problemas da temporada não terem sido causados por erros em sua performance.
“Você fica frustrado porque temos o melhor carro esse ano, diferente do ano passado quando eu ganhei o título.
“Mas ficou comprovado que para vencer você precisa receber a bandeira (quadriculada, no final da corrida)”, brincou Di Grassi. “Não adianta ter o melhor carro e não ter um carro ‘reliable’ (confiável), e foi isso que aconteceu.
“Então foi uma pena, não foi culpa minha, seu eu tivesse batido ou errado ou não performado eu estaria mais frustrado. Eu fiz o que deu para fazer e paciência.
“Terminar em terceiro esse campeonato vai ser um milagre depois te ter feito cinco provas com praticamente zero pontos”.

A entrevista concedido por Lucas Di Grassi, em seu apartamento em São Paulo, rendeu diversos assuntos que traremos para vocês – divididas por temas que culminarão na ÍNTEGRA da entrevista – até a decisão da Fórmula E nos dias 14 e 15 de julho em Nova York, com a F1Mania.net trazendo todas as informações em TEMPO REAL.
