Nada como um dia após o outro. Esse poderia ser o lema da Ferrari após o Grande Prêmio da Hungria, disputado no último domingo. A equipe italiana assegurou, com cinco provas de antecedência, o 14º título no mundial de construtores justamente no circuito que reservou no ano passado um dos piores momentos da escuderia na Fórmula-1.
Naquela corrida, tudo que o time conseguiu foi um modesto oitavo lugar com Michael Schumacher. Com o resultado, o alemão passou a 72 pontos, fortemente perseguido por Juan Pablo Montoya, com 71, e Kimi Raikkonen, 70. A liderança dentre as equipes havia passado à Williams. E o péssimo rendimento acabou sendo motivo de gozação até para a imprensa italiana. “Os carros da Ferrari parecem uns ônibus na pista”, era o trecho da matéria de um popular jornal do país.
Contudo, o pior ocorreu com Rubens Barrichello. Um dos triângulos da suspensão traseira esquerda do carro de Rubinho quebrou no fim da reta principal. Quatro dias depois, a Ferrari emitiu um comunicado à imprensa alegando que o incidente havia sido provocado pelo próprio brasileiro, por causa de sua passagem agressiva sobre as zebras. A versão, claramente absurda, foi tão mal aceita que logo a escuderia emitiu um novo texto. E, nas entrelinhas, uma camuflada espécie de “mea-culpa”.
Bridgestone em alta
O êxito ferrarista no GP desse ano deve ser atribuído ao excelente trabalho da Bridgestone em Hungaroring. Desta vez, a fábrica japonesa conseguiu melhor rendimento que a rival Michelin diante do já popular calor húngaro nesta época do ano. Desenvolvido especialmente para a prova na Hungria, o novo composto mostrou grande durabilidade ao asfalto abrasivo. Com isso, a Ferrari desbancou mais facilmente a Renault, única rival que poderia tirar o triunfo do time de Maranello.
Alemão insaciável
Vencedor de 12 das 13 provas do ano, Michael Schumacher também faz a diferença. E até Eddie Jordan fez questão de salientar o talento do alemão. “Ele é o maior piloto de nossa era, fazendo os outros sentirem- se simplesmente estúpidos”, disse. Mas Eddie ‘completou’ de maneira irônica. “Estamos torcendo para ele se aposentar, assim teremos corridas de arrepiar”.
Esse Eddie Jordan é, no mínimo, irreverente.
Líderes
Nos Estados Unidos, o domingo reservou bons resultados para Tony Kanaan e Sebastien Bourdais, respectivos líderes da IRL e Champ Car. Apesar de problemas no câmbio na parte final da corrida, Tony chegou em quinto lugar. Com os pontos referentes à posição, além de três por ter liderado o maior número de voltas, o baiano da Andretti-Green chegou a 433, 50 a mais que o norte-americano Buddy Rice. Faltam apenas cinco provas para o término da temporada. Já na CC, Sebastien Bourdais só não fez chover durante o GP de Denver. Após um erro na largada ter jogado o francês para o final do pelotão, Bourdais teve uma recuperação extraordinária e, aproveitando-se das bandeiras amarelas, alcançou seu quinto triunfo em nove corridas no ano.
“Super Mex” competente
Além de simpático, o piloto mexicano Adrian Fernandez é conhecido no paddock das categorias que passa como um sujeito disposto a desafios. Sem dúvidas, o maior deles ocorreu em 2001, quando criou sua equipe na Champ Car. Mesmo então atual vice-campeão da categoria e contando com forte apoio de patrocinadores de seu país, houve quem apostasse em um fiasco do projeto “Made in Mexico”. Mas bons resultados vieram rapidamente, inclusive uma vitória no ano passado. Em 2004, Adrian encarou o desafio de correr somente na IRL, onde possuía um time em parceria com o ex-piloto de Fórmula-1, o japonês Aguri Suzuki. E já deixou sua marca. No último domingo, venceu as 300 Milhas do Kentucky, consolidando ainda mais que além de valentia possuí competência dentro e fora das pistas.
Rafael Ligeiro