Coluna do Rafael Ligeiro: Para apagar o passado

Independente da fase pouco produtiva da equipe nas pistas, guiar pela Williams é um verdadeiro prêmio para Antônio Pizzonia. Certamente não fosse a juventude e o rótulo de bom piloto, o calvário passado na Jaguar em 2003 seria suficiente para acabar com qualquer carreira. Mas não foi. Além de literalmente estar a um passo da volta por cima, lá está “Jungle Boy” com a melhor oportunidade que já lhe apareceu na Fórmula 1.

De fato garantir um posto de titular para 2005 na Williams é algo difícil. Impossível não é. Mas há concorrentes fortes, que passam por bons momentos e já mostraram talento para dar conta do recado no time, casos de Webber e Fisichella. Mais que isso, levam a vantagem de estarem na ativa, disputando os GPs. Porém, Antônio terá a chance de apagar a má impressão deixada no ano passado.

Antes de alcançar a categoria, Pizzonia foi um verdadeiro “papa-títulos” no exterior. Conquistou o caneco na Fórmula Vauxhall, além da Fórmula 3 e Renault, ambas Inglesas. Só não o fez na hóstil F-3000, em 2001 e 2002, quando guiou para uma equipe que não conseguiu adaptar-se ao então recém-criado chassi LolaBT2/50. Pelos triunfos e talento demonstrado, muitos apontavam-o como um “Novo Senna”. Mas esses muitos esqueceram que F-1 é F-1, implacável. E especialmente que Jaguar é Jaguar.

O fator decisivo para o insucesso do manauara foi o desempenho do companheiro de equipe, Mark Webber. É comum quando uma equipe contrata dois pilotos jovens e aparentemente ao mesmo nível técnico seus diretores esperarem o início da temporada para determinar a “hierarquia” de cada um. Logo nos primeiros GPs, o australiano encantou e conseguiu essa preferência. Preferência valiosa. Embora seja equipe da poderosa Ford e conte com um orçamento de 100 milhões de dólares, isso nunca garantiu carros competitivos à Jaguar. Colocar um de seus monopostos na frente sempre foi difícil. Imaginem então dois !?

Perder para Webber não era fim do mundo para qualquer um, nem mesmo o brasileiro. Além de bom piloto, Mark acumulava um ano de experiência na F-1. Jungle Boy fazia sua estréia. Mas a Jaguar preferiu dispensá-lo alegando que precisava de pontos no mundial de construtores. Resultado: em sete corridas, Justin Wilson conseguiu apenas um ponto. Na atual temporada, Christian Klien ainda não terminou entre os oito primeiros colocados.

As incertezas quanto ao campeonato 2004 entretanto duraram pouco. Sob confiança e admiração, Frank Williams e Patrick Head chamaram-o para ser piloto de testes. “Ele testou por 14 mil quilômetros conosco, sendo tão rápido ou até um pouco melhor que nossos pilotos titulares”, disse Head. “Não acho que alguém perca velocidade de uma hora para a outra”.

Uma boa apresentação em Hockenheim apagará a campanha de 2003 e ajudará em muito na sua carreira. Pizzonia ainda é jovem, portanto pode ter plano a médio prazo na F-1, seja na Williams ou outros times. Torceremos para que Jungle Boy controle o nervosismo e consiga um grande resultado. Ficar atrás dos carros verdes, nem pensar.

Terceira de Kanaan

Durante a oitava prova da temporada 2004 da Indy Racing League, a 200 Milhas de Nashville, show de Vítor Meira. Segundo colocado no grid, o brasileiro assumiu a liderança logo na largada e pilotou de maneira madura durante a prova. Ponteou todas as voltas até o quarto de seus cinco pitstops, quando um dos mecânicos responsáveis pela troca deixou um dos pneus à frente do carro do brasileiro, que perdeu tempo e regressou à pista no final do pelotão. Sem nada com essa história, Tony Kanaan também aproveitou-se do toque entre Buddy Rice e Dan Wheldon para vencer a terceira corrida no ano. Com isso, chegou a 325 pontos na classificação, 59 a mais que o vice-líder, Wheldon.

Sensível evolução

Embora a Honda tenha ocupado as cinco primeiras posições no grid e seja o propulsor mais competitivo do ano, a Toyota mostrou uma sensível evolução em Nashville. A fábrica japonesa terminou na segunda e terceira posições, respectivamente com Sam Hornish Jr. e Hélio Castroneves. Ainda longe do rendimento da rival e compatriota, mas o suficiente para colocar uma “pitadinha” interessante de equilíbrio para o restante da temporada.

Coincidências e expectativa dourada

Ontem, a seleção masculina conquistou o quarto título da Liga Mundial de Vôlei. E o mais interessante é notar semelhanças com a conquista de outro tetracampeonato, o de futebol, na Copa dos Estados Unidos. Além da marca, o adversário batido também foi a Itália. A sutileza do destino impediu que a vitória ocorresse no dia em que se completou exâtos 10 anos do triunfo nos gramados – obtido em 17 de julho de 1994.

Coincidências à parte fica a certeza de que o Brasil é favorito ao ouro em Atenas. A competência de Bernardinho, a união do grupo e a capacidade de uma geração que não pára de revelar talentos são bons motivos para apostarmos na seleção canarinho.

Rafael Ligeiro



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