Especial: Barrichello, amor e ódio na Fórmula 1

Por Luís Joly

Quando estreou na categoria, em 1993, Rubens Barrichello ainda competia sob a sombra de lendas como Alain Prost e Ayrton Senna. Hoje, 11 anos depois, ele não alcançou o posto de lenda, certamente. Pelo contrário, ainda vive sob a sombra de uma, agora o melhor piloto de todos os tempos nos números.

As reclamações sobre a performance de Barrichello na Ferrari, desde que entrou, são latentes. Virou algo de piada, chacotas, desconfiança e decepção. Esse texto não tem côo objetivo julgar as atitudes e limitações do piloto brasileiro, mas o fato é que são justamente as performances “imprecisas” (chamem como quiserem) de Barrichello que salvam a temporada de 2004.

Enquanto o companheiro alemão realiza proezas em parceria com a equipe italiana no momento das paradas nos boxes, Barrichello é relegado ao segundo pelotão na maioria das provas. Diferente de Schumacher, ele não utiliza a técnica de “voltas voadoras” para conseguir a posição no Box. O brasileiro ainda é um pouco mais tradicional, e prefere tentar a ultrapassagem na pista, assim como deveria ser com todos. Enquanto para Schumacher a Fórmula 1 hoje se resumem a meras estratégias, para outros não é bem assim. Não que Schumacher não tenha braço suficiente para passar na pista, ele simplesmente não precisa disso. Afinal, o alemão também não é mais um garoto.

Normalmente o resultado é sempre o mesmo. Aliás, esse ano, o resultado só não se repetiu em Mônaco (por forças ocultas, tenho certeza). Se Schumacher sempre vence, é interessante notar que Barrichello nem sempre é segundo. E isso implica em táticas e estratégias diferentes por parte do brasileiro para ser postulante a essa segunda posição, que teoricamente, seria sua por direito, afinal, está no melhor carro da categoria.

Acontece que, nem sempre Barrichello consegue isso. Ele acaba sendo o “do contra” nessa história. E aí vêm os comentários maldosos de sempre, como em Indianápolis, Ímola, Kuala Lumpur, Xangai, e assim por diante. O fato é que, propositadamente ou não, Barrichello ainda consegue nos passar um pouco de emoção que tanta falta faz a essa temporada. Se Schumacher é sempre líder, é sempre vitorioso, Barrichello encontra alguma maneira de não ser o segundo, e tentar buscar isso na pista, mesmo que não conseguindo muitas vezes. O resultado: não realizando seu papel na maioria das provas, trazer de volta a Fórmula 1 que sentimos falta. Boa parte do mundo agradece. Os brasileiros, nem tanto.



Baixe nosso app oficial para Android e iPhone e receba notificações das últimas notícias.