Assunto quase sempre presente na imprensa, a união entre Indy Racing League e Champ Car voltou com força na última semana. Escrevo essa coluna antes mesmo de um anuncio concreto dos pontos da proposta de Roger Penske para a fusão de ambas categorias e, consequentemente, da repercussão. Entretanto, vejo esse como o único caminho para os Estados Unidos voltar a ter uma grande categoria.
Certamente nunca a lei da física de que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço e ao mesmo tempo foi tão fiel ao automobilismo. Se em 54 anos não houve uma categoria capaz de dividir forças com a Fórmula 1 na Europa, o que dizer de dois campeonatos somente em solo norte-americano? Desde que o atual produto de Tony George virou um campeonato ficou evidente a impossibilidade de dois certames fortes.
A Champ Car sofre economicamente e perdeu espaço na terra do Tio Sam para a Indy. Esta última, por sua vez, ainda está longe de encantar o público mundial. Sem dúvidas, o maior prejuízo ficou com a antiga Fórmula CART. No furor de querer ser tão boa quanto a Fórmula 1, a categoria apostou em um calendário com diversas corridas fora do States. Alemanha para cá, Brasil para lá, Inglaterra, Japão…
A princípio isto foi positivo. Aliás, continua sendo. Além de números formidáveis de espectadores nos autródromos, diversos países lutam para abrigar um Grande Prêmio. Entretanto, o inchaço de corridas “internacionais” e em circuitos mistos fizeram a CART perder identidade com torcedores, dirigentes e patrocinadores ianques. E, apesar da participação de outros países, esses continuavam sendo a base econômica da categoria. Além disso, a internacionalização também representou uma verdadeira escalada no orçamento das equipes.
Em 2001, uma equipe gastava cerca de 10 milhões de dólares por carro. All American Racers, Della Penna, Hogan, PPI, Sigma e Zakspeed foram apenas algumas que ficaram pelo caminho. Outras partiram para a Indy, que além de cifras menos exorbitantes possuí a 500 Milhas de Indianápolis, verdadeiro “objeto dos sonhos” para pilotos e times.
Na verdade, a unificação entre Indy e Champ Car já vem acontecendo. Desde 2002, a IRL ganhou da rival escuderias do porte de Penske, Chip Ganassi, Rahal, Green e Fernandez. A única coisa que falta para concretizá-la é a presença de recursos técnicos para correr em circuitos mistos. Quando isso acontecer, tenham certeza que as últimas remanescente de peso da “CC” também partirão de mala e cuia para a IRL. Aliás, é melhor Kalhoven, Forshyte e Gentilozzi levaram os espólios do certame e garantirem cadeira na diretoria da nova categoria que verem- o agonizando, cada vez mais ocupado por pilotos medíocres e times pouco expressivos.
Com a fusão, renasceria o verdadeiro sonho americano de um forte certame. Grid superior a 25 carros, mais restrito aos brutucus, provas em ovais, mistos de rua e permanentes, além da Indy 500. E este “American Dream” nasceria melhor que os anteriores. Além da lição de controle de gastos, a proximidade com a Fórmula 1 – Tony George é amigo de Bernie Ecclestone e Indianápolis está no calendário do certame – faria bem. Pois mostraria que a posição de número dois no mundo já é a ideal diante de uma rival tradicionalíssima. Então, que venha a nova Indy.
Para o bem do automobilismo norte-americano. Para o bem do automobilismo mundial.