Coluna do Joly: Até quando vale estragar um (sobre)nome

Por Luís Joly

O Grande Prêmio de Valência é uma grande chatice, e isso não é de hoje. Desde o primeiro ano deste badalado circuito, ficou claro que a beleza em nada se comparava à possibilidade de ultrapassagens. A única dúvida mesmo fica em saber por que diabos, além do dinheiro, esta enfadonha corrida ainda mantém-se no calendário? Com tantas opções por aí, é algo para se imaginar.

Mas, deixando de lado essa corrida chata, vamos a um tema que desde o início da temporada tem batido a minha porta: Bruno Senna e seu martírio com o rascunho de equipe Hispania. Eu sei e você sabe, mas muita gente desconhece que o sobrinho de Ayrton Senna não é apenas mais um piloto com sobrenome que não tem talento. Ser comparado ao tricampeão mundial é injusto – Bruno não chega aos pés do talento do tio. Mas tem lá sua qualidade. O sobrenome ajudou, mas o piloto também apresentou bons resultados em sua curta e tardia carreira. Se os resultados não tivessem chegado, ele certamente não alcançaria o degrau mais alto do automobilismo, mesmo sendo um Senna.

Então tá. Chegou à F-1 por méritos quase próprios? Posso engolir isso. Porém, é muito triste ver que o carro que dirige não dá e nem dará condições para que ele saia das posições acima do 20º. O projeto é ruim, muito ruim. E mostra que projetos mágicos como o da BrawnGP não acontecem do dia pra noite. A Hispania tem problemas tão sérios que, em alguns fins de semana, perde em seus tempos mesmo para marcas obtidas pelos pilotos da GP2, categoria de acesso.

Em Valência, Bruno conseguiu pouco destaque na TV, quando brigava com Timo Glock, da Virgin, enquanto tinha de ceder a passagem aos líderes que vinham atrás. Errou, foi ultrapassado, perdeu o bico, quase atingiu o muro e certamente deu mais um conjunto de argumentos para aqueles que o criticam toda segunda-feira.

A entrada para a F-1 não é fácil. Nesse processo, vale estrear por categorias menores e, em alguns casos, estreantes. Bruno poderia optar por não ter corrido pela Hispania; no entanto, escolheu fazê-lo, e agora pena a bordo de um verdadeiro lixo sobre rodas. Mesmo que isso não tenha muito impacto, ele mancha o sobrenome da família, queima seus cartuchos e, injustamente, acaba dando armas para seus críticos.

A Hispania não é uma equipe pequena, como era Minardi, Arrows ou até mesmo a Tyrrell, em seus últimos anos. Ela é resultado de um projeto feito às pressas, sem o menor controle de qualidade, sem comprometimento real entre as empresas, sem testes, sem acabamento, sem confiabilidade ou qualquer outro item que seja minimamente aceitável para os padrões de uma categoria tão exigente como a F-1. Nesse cenário, Bruno não está fazendo nada além de “queimar” seu currículo e, muito possivelmente, abreviar sua carreira na categoria.

RETA OPOSTA

Acidente de Mark Webber

Provavelmente as únicas duas emoções da corrida foram o acidente de Mark Webber e as duas ultrapassagens de Kobayashi, da Sauber, nas últimas voltas. Em relação ao acidente, para mim foi culpa de Webber, que jogou o carro para cima da Lotus. Já as ultrapassagens mal foram vistas, já que a emissora de TV que mostrou a corrida rapidamente foi para a Copa do Mundo.

E a Lotus, hein?

Ainda acredito na Lotus. No fim de semana em que completou 500 corridas, nada mudou e elas continuaram na parte de trás do grid. Mas eu acho que as coisas provavelmente melhorarão na temporada seguinte, quando já estiverem minimamente consolidadas.

Massa, longe

Felipe Massa não pode dizer oficialmente, mas essa é mais uma temporada perdida para ele. Desde 2008, ele segue lutando para brigar oficialmente por um título. Ao menos veio a renovação com a Ferrari. Agora é torcer por um carro melhor em 2011.



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