Por Luís Joly
Ah, Mônaco. O principado, a pista mais charmosa, mais instigante e elegante da história da Fórmula 1. A etapa do requinte, do glamour, dos milionários e seus iates cercados por belíssimas mulheres que ganham bronzeados europeus debaixo do sol.
Ah Mônaco. O principado, a pista mais chata, mais enfadonha e monótona da história da Fórmula 1. A etapa do previsível, do boring, dos carros e seus pilotos cercados por apertados muros e sempre em fila indiana debaixo do sol.
Mark Webber não teve nenhum problema fora do normal para vencer essa corrida. Ele a venceu, na verdade, no dia anterior, quando saiu à frente de seu companheiro Sebastian Vettel no treino que definiu o grid de largada. Com pista limpa, sem chuva, sem ninguém para atrapalhar, ele apenas fez o trivial e não cometeu erros.
Foi interessante ver, enfim, os carros da Red Bull chegando ao fim de uma corrida sem nenhum problema. O carro mais rápido até então ainda não havia provado sua resistência – somado ao inconstante Vettel, que é muito rápido, mas ainda tem muito para aprender.
A única emoção da corrida não valeu. A ultrapassagem de Michael Schumacher sobre Fernando Alonso na última curva, na última volta, foi empolgante. E o suficiente para aumentar o coro “o alemão voltou”. Infelizmente, estava na regra que as ultrapassagens estavam proibidas pelo fato do safety car ter ficado na pista até a última volta.
E quem foi o comissário da prova? Ah, justo ele. Damon Hill, o rival mais famoso de Michael Schumacher. Hill nunca chegou aos pés do alemão em termos de talento, mas teve carros melhores em alguns anos, que batiam de frente (ou de lado) com os de Schumacher.
E Hill decidiu ser implacável: deu um atraso de 20 segundos no resultado final como punição. Dessa forma, Schumacher nem nos pontos conseguiu chegar. Uma pena.
O destaque de Mônaco sempre foi o absurdo de colocar carros de F-1 para correr ali, em espaço tão apertado. Um paradoxo maravilhoso. Então, o que há para fazer? Nada. Monte Carlo é um mal necessário para a sobrevivência da F-1. Enquanto existir Fórmula 1, existirá o GP de Mônaco. Um depende do outro. Ano que vem, a expectativa será mais uma vez renovada, falarão sobre o charme de correr ali e verão mais uma prova chata.
E todo mundo continuará se questionando porque diabos ainda correm lá.
RETA OPOSTA
Alonso brilhante
Fernando Alonso e Ferrari deram um show de estratégia. O asturiano conseguiu o impossível com a parada nos boxes antecipada. Sua estrela está em alta. Mas as Red Bull também.
Tudo igual como era antes
Com a punição de Schumacher, a inesperada lógica voltou ao normal: Rosberg na frente de Schumacher.
Massa em ebulição
Não foi uma corrida brilhante, mas também nem tinha como ser. Massa fez o que podia. Tivesse largado à frente de Kubica no treino, talvez conseguisse um pódio.