Coluna do Joly: Para ajudar Schumacher, vale tudo

Por Luís Joly

Estava devendo uma coluna sobre Michael Schumacher este ano. Afinal, confesso que fui um dos empolgados quando veio a notícia oficial de que o alemão estaria de volta às pistas da F-1 em 2010. Nostálgico que sou, é o máximo para mim ver um piloto que estava nos grids de 1991 e regressa em 2010. Uma volta de um campeão digna dos cinemas, das eternas lutas de Rocky Balboa.

Mas se a realidade imita a arte, nem sempre o contrário acontece. E o que vimos nas primeiras quatro corridas do ano foi uma realidade bem diferente do que estávamos acostumados, em relação à Schumacher: dificuldade para domar o carro, constantes classificações e chegadas atrás do companheiro e, o pior, ultrapassagens de todos, por todos os lados.

Depois da etapa chinesa, a coisa começou a ficar pior. Foi justamente nessa corrida que ele levou o maior número de ultrapassagens. No intervalo de três semanas sem GP, o agente do piloto, Willi Weber, afirmou que estava mais fácil achar uma virgem de 50 anos do que conseguir um patrocinador para Schumacher. Do outro lado, o alemão procurava se esquivar das críticas do público e cobranças da imprensa. Vinha afirmando que estava na F-1 para se divertir, e estava conseguindo fazer isso.

De fato, o heptacampeão não tem mais o que provar. Ele já superou todos os recordes significantes da categoria. Claro, ele sempre terá de conviver com as costumeiras análises que dizem que o piloto não teve rivais à altura depois da morte de Senna. Mas isso é muito subjetivo.

O que não se discute são resultados. E os de Schumacher, neste começo de ano, foram péssimos. Coincidentemente, após o GP em Xangai a Mercedes anunciou que faria diversas mudanças no carro – que incluíam não só os famosos dutos para saída de ar – a invenção da vez -, mas detalhes como alterações no eixo do carro e aerodinâmica. Também foi nessa época que Michael admitiu que estava enfrentando problemas na condução do seu carro, e que não estava bem adaptado – enquanto, vale lembrar, o seu companheiro, o jovem Nico Rosberg, parecia totalmente pronto e já havia inclusive conquistado um pódio.

Chegamos ao fim do GP da Espanha, e o que vemos? Michael Schumacher chegou em quarto. Fez sua melhor corrida no ano. Segurou Jenson Button brilhantemente, foi arrojado e por pouco não teve um pódio. Rosberg? Um apagado 13º lugar, problemas em todo o fim de semana (largou atrás de Schumacher também) e uma declarada dificuldade para controlar o carro em sua nova versão.

Some dois mais dois para chegar a sua conclusão. Será que a Mercedes está disposta a modificar tanto o carro apenas para que Michael Schumacher possa dirigi-lo melhor, mesmo sabendo que não será o formato preferido pelo companheiro Rosberg – que vem conquistando bons resultados?

Some dois mais dois.

RETA OPOSTA

Frita Massa

Quatro vencedores em cinco corridas. Realmente, a F-1 está com um aparente equilíbrio, mesmo com uma vantagem considerável da Red Bull. Mas chamou a atenção o péssimo desempenho de Felipe Massa na Espanha – certamente o pior entre todos que postulam o título. Difícil aceitar que o brasileiro não conseguiu um bom acerto do carro em uma pista tão bem entendida por pilotos e equipes. Parece-me algo errado com ele mesmo.

Cena sem brilho

Gostaria de entender até que ponto vale a pena para a carreira de Bruno Senna estar a bordo de um carro que anda quase na mesma velocidade dos carros da GP2. Acho que era hora da família Senna refletir bem sobre isso.

Sonolenta Espanha

À parte da briga entre Button e Schumacher, o GP da Espanha foi medíocre. Sem novidades, claro. Desde 1991, quando entrou para o calendário, é assim. Quando será que vão perceber que essa pista é chata demais e só serve mesmo para testar?



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