Coluna do Joly: Envelhecendo pra modernizar

Por Luís Joly

No período de intervalo da Fórmula 1, o que não faltou foi notícia. Se não nas pistas, tudo acontecia nos bastidores. Boatos ou noticias, tudo era criado para manter o tema em alta e fazer crescer a expectativa do que viria de novo. Equipes nasceram e morreram para nascerem de novo. Regras surgiram e sumiram. A pontuação foi e voltou. Novos nomes. Velhos rostos. Na busca por uma Fórmula 1 moderna, a categoria encontrou a novidade no passado.

Passado nas equipes. A Mercedes, da época de Fangio, voltou. Mas não se engane: os tempos em que as montadoras dominaram perderam a força. Toyota e BMW morreram, sobrou um arremedo de Renault com apoio da Lada (?). Os times de garagem apareceram de novo. Infelizmente, os critérios não foram os melhores. Motivos políticos fizeram com que equipes como Pro Drive e Stefan, com estrutura, dessem lugar a times que sequer treinaram na pré-temporada. Hispania e Virgin mostraram já no Bahrain que não basta ter mais equipes no grid. Elas devem ser minimamente competitivas, ou só servirão para fazer volume.

Destaco a volta da Lotus. Volta que, especialistas adoram dizer, é irreal. Já que essa Lotus nada tem a ver com a equipe de Colin Chapman. Para o público, porém, isso não interessa. Já basta ver aquele lindo carro com as cores originais do time para ficar fã. Para os patrocinadores também. Apesar dos péssimos tempos na pré-temporada e no Bahrain, A Lotus é a equipe com mais patrocinadores e que tem mais chances de manter-se – dizem, a Petrobras será a fornecedora de combustível e óleo deles em breve.

Passado nas regras. O reabastecimento foi banido. A vitória voltou a ter uma valorização maior em termos de pontos. As estratégias de box ganharam novos valores. As trocas de pneus são, de novo, cruciais. Talvez a mais importante mudança tenha sido no treino de classificação do grid. Agora é possível sair para as voltas rápidas apenas com o combustível necessário para ir e voltar. Muito mais lógico e justo para quem realmente é veloz, e não para os mais leves.

Passado nos nomes.A F-1 ganha na média de idade com a provável mais esperada volta dos últimos tempos no esporte: Michael Schumacher, um ícone, está de volta. Duvido que seja campeão. Mas em duas ou três corridas acho que ele pegará o jeito da coisa de novo. E aí, os concorrentes que se cuidem. Michael volta e divide as pistas com um Senna, regresso do sobrenome. E concordo com todos: quando ele está de capacete, a semelhança é quase assustadora. Bruno terá de lutar muito com sua equipe para chegar próximo a tempos dignos dos últimos. Ainda está na fase “feliz porque o carro está andando”, mas logo isso vai passar, e aí, é bom que os tempos já estejam melhores.

Indy

Não acompanho a Fórmula Indy com frequência. E, embora essa coluna seja sobre Fórmula 1, seria quase juvenil ignorar o tema diante do último fim de semana. Assisto a Indy apenas quando a pego passando na TV. Mas, no caso de São Paulo, seria interessante ver, mais do que pela categoria, pela pista e sentimento de orgulho paulistano. Palmas para a organização, que preparou uma corrida em tempo recorde. Infelizmente, vaias para a organização, que também teve uma pista recordista em ondulações. Para quem mora em São Paulo, foi até plausível que uma corrida de rua por aqui tenha o asfalto ruim. Mas, piadas à parte, o trabalho não foi bem feito.

Palmas – e vaias – também para a Band, emissora que fez a transmissão. Sim, o canal foi ousado e valente ao coordenar toda a ação com a Indy. Porém, a transmissão deles, diga-se, foi próxima do péssimo. Imagens falhas, falta quase que total de informações na tela, cenas que não condiziam com os áudios, cortes, câmeras onboard jogadas ao acaso no ar, tudo celebrado por um narrador que nitidamente não sabia muito do que estava falando (chamou o piloto Takuma Sato de “Sato Takumo”). e coroado por uma emissora que, na luta pela audiência e sucesso do evento, abafou erros, minimizou os problemas da corrida e se recusou a aceitar que vinha um temporal para o Anhembi. Que fique de lição para o próximo ano – o evento tem potencial.

RETA OPOSTA

Massa de molho

Fernando Alonso começou mostrando a que veio. E é bom Felipe Massa mostrar, já na Austrália, que está no páreo. Caso contrário, será mais um ano perdido.

A exclusão digital da LG e FIA

Tentou assistir à corrida de sua TV comum, sem widescreen ou LCD? Eu tentei e sofri. Os caracteres com a posição dos pilotos ficam pequenos demais e são engolidos no canto do visor. Parece que a LG e a FIA acham que todos já têm televisores LCDs e plasmas na sala.

Bahrain frio

Confesso que esperava mais da corrida do Bahrain. Poucas ultrapassagens, raras mudanças de posições, nenhuma pane seca ou pneu deteriorado. A busca ao passado da F-1 usa a tecnologia de hoje.



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