In-Gryd: Passa a boiada, mas não passa o boi

Por Ingryd Lamas

Chega ao fim mais uma temporada de Fórmula 1 e assim logo em seguida, mais um ano se encerra. Só nos resta a melancolia e espera pelo próximo ano, que só começa de fato, quando as tais cinco luzes vermelhas se apagam a primeira vez.

Encerra-se uma temporada alucinante: altos e baixos, idas e vindas, disputa acirrada e um “extra-pista” de dar inveja a Gossip Girl.

Mas é isso. Só isso.

A temporada acabou sendo excitante de forma “fajuta”, por aquilo que aconteceu não nas pistas e sim fora dela. Pelos diferentes nomes que estiveram em alta, diferentes pilotos que venceram corridas, pela disputa virtual e matemática que se manteve prova a prova em busca do título. Sim, prova a prova a disputa se dizia viva ou não, apenas ao término de mais uma etapa. Já que durante a mesma, disputa, foi algo que praticamente não existiu.

Das dezessete provas que constituíram essa temporada, nove tiveram como vencedor seus respectivos “pole position”. Nas outras oito etapas, não venceram os pilotos que largaram a frente por estratégia de pit, por terem conquistado a pole com pouquíssimo combustível (sendo assim, não eram os mais rápidos, e sim os mais leves) ou como na ultima prova, por abandono do líder.

No resto do grid, as conquistas de posição raramente foram decididas na pista, quase sempre valeram estratégias melhor calculadas.

O que não deveria ter acontecido, ou, não era o que se esperava.

Depois de tantas mudanças no carro (que visualmente causaram choque), implantação do sistema KERS, proibição dos apêndices aerodinâmicos…

Todas as medidas tomadas para facilitar as ultrapassagens.

Por que então não funcionou?

Há quem diga que os difusores levaram por terra todas as outras alterações, anulando as mesmas, fazendo com que o carro ainda dependesse da aerodinâmica como antes.

Outros dizem que o KERS acabou por se tornar vilão, sendo mais eficiente ao evitar uma ultrapassagem, do que protagonizar uma.

Os pilotos diziam-se vitimas dos pneus, que sofriam desgaste excessivo quando próximo a outro carro.

“Sair do vácuo” ainda é problema.

Em entrevista à revista mensal F1Racing, Bernie diz que o problema tem resolução mais simples do que se imagina: basta querer. “Por isso tentei implantar o sistema de medalhas, pois não acredito que seja uma grande dedicação assim para alguém que está em segundo, tentar ultrapassar por causa de dois pontos. Assim eles não querem ultrapassar. Nem eu iria querer. Se você estivesse liderando e eu em segundo, eu não iria querer a chance de sair da pista ou alguma coisa do tipo para te ultrapassar. Mas se eu estivesse coletando vitórias para vencer o campeonato, tenho certeza que faria de tudo para lhe ultrapassar.” disse o todo poderoso da FOM.

O problema real, talvez seja uma soma de todos. Definitivamente os pilotos (não todos, mas a maioria) sentem-se cautelosos quando o assunto é ultrapassar, correr riscos, e pontuar. Porém, definitivamente, os carros não ajudam nem um pouco.

Ano que vem: mais mudanças. Mudanças que me causam suspeita, já que o pouco de movimento que vemos hoje provém das táticas e estratégias de pit stop e combustível, extinguir o reabastecimento pode transformar as corridas, de uma vez por todas, em literais procissões.

Nomes novos e disputa fictícia não serão suficientes por muito mais tempo.

É bom que funcione.



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