In-Gryd: O Caminho dos Tijolos Dourados

Por Ingryd Lamas

Partimos essa semana para a décima segunda etapa do ano. Há 6 corridas atrás, o cenário do título, era totalmente diferente, e praticamente tido como encerrado. Algumas inversões depois, temos ainda um favorito, mas um campeonato que pode tomar rumos completamente diferentes.

Na ultima prova, Valência, Rubens fez mais do que levantar seu moral, fez também por diminuir a diferença de pontos para o líder do campeonato, e entrar de vez na briga pelo caneco.

Aliás, o campeonato encontra-se completamente em aberto, e junto à briga dos quatro possíveis pilotos, entram fatores externos, que não eram considerados há duas, três corridas atrás.

Começando pelo líder Jenson Button, que não vive mais a ótima fase que se viu no começo da temporada, muitos disseram e alguns fizeram questão de lembrar: “Cuidado, Button é mais inconstante que se pensa”. O que sempre se disse do inglês, é que se trata um piloto extremamente “humano”, completamente dependente do seu lado emocional, da auto-estima e motivação, o próprio sempre tocou nesse assunto. O tipo de piloto que “ganha, enquanto está ganhando”, e é tão bom quanto o carro que guia. Já em Valencia, se encontrava de cara amarrada frente às câmeras, e de mau humor pelo paddock, o que é um sinal de que sim, ele já se sente acuado, e o inglês sempre deixou claro, que o único piloto que o preocupava realmente era Rubens, que a hora do brasileiro iria chegar, e que seria algo a temer.

Button é um piloto do tipo “sem riscos”. Guia de forma suave? Sim. É “perfeito”? Sim. Mas o inglês não é muito bom quando precisa ser mais agressivo, vence quando sai da ponta, e faz boas provas quando tem o caminho livre para simplesmente correr. O que de forma alguma tira o seu mérito.

Na vice-liderança, Rubens Barrichello deu um belo suspiro, e tirou em apenas uma corrida, a diferença de 8 pontos. E pelo que diz, o carro voltou a ser o que era antes, pelo menos pro brasileiro. Se continuar em fase tão boa, Rubens tem chances concretas de vitória, basta terminar três posições a frente do companheiro, todas as provas seguintes, ou ainda, em mais uma prova como a de Valencia, a diferença passaria a ser quase nula. São probabilidades apenas, mas matematicamente, o título ainda é possível.

Vale recapitular, que no começo da temporada, Jenson Button tinha um carro perfeito em mãos, já Barrichello sofreu com alguns problemas, mas que não o tiraram do primeiro pelotão. Com o desenvolvimento do carro, Rubens se envolveu mais, e teve papel importantíssimo, de forma, que agora, o setup está completamente a seu favor, exigindo uma pilotagem mais agressiva, o que o brasileiro tem, e Button fica devendo.

Barrichello encontrou um caminho com o setup que não o favorecia, Jenson ainda parece meio perdido com o novo. A título de nota: o que faz a diferença é a temperatura ideal do pneu, que na primeira configuração exigia uma pilotagem mais suave, pois chegava e passava rapidamente dessa janela, o que causou os problemas de “farelo” que Rubens tanto reclamou, agora, na configuração atual, o carro exige pilotagem mais agressiva, que é característica de Barrichello, pois a temperatura necessária, chega um pouco mais tarde, e é aí que o “limpo” Jenson tem sofrido.

Em minha opinião, e repito, é apenas uma opinião, dificilmente Jenson voltará a ser forte como foi no começo da temporada, primeiro por ele mesmo, seu emocional e qualquer que seja o nome dado a isso, e segundo por que a diferença que a Brawn tinha para as outras equipes, não existe mais, e não apenas Red Bull entrou nessa briga, como também Ferrari e McLaren voltaram à frente. Já Rubens, não tem o que perder, se o problema do inglês é motivação, Barrichello já provou ter de sobra, e se a empolgação de Valencia, render frutos, aliado ao carro a seu favor, a estrada pode ser mais fácil para o brasileiro.

Partindo para a vice-líder do campeonato de construtores, a Red Bull enfrenta um momento delicado: diziam talvez implementar o KERS já em Spa, mas os dois motores fumaça de Vettel parecem ter os feito repensar. É bom informar, que Vettel tem agora apenas dois motores restantes, para um montante de 6 provas, o que dificilmente o fará escapar de uma punição, 10 posições no grid de largada, o que é sem dúvida, uma péssima notícia para um postulante ao título nos dias de hoje, em que as pistas não proporcionam pontos de ultrapassagem algum. Webber por sua vez, parece estar sobrevivendo na disputa, mas também já perdeu em performance. E corre também, riscos com o seu propulsor Renault, além de ainda dividir espaço com o seu companheiro alemão, que pode lhe roubar preciosos e decisivos pontos.

É aí que entram McLaren e Ferrari, que podem ajudar uns e atrapalhar outros, as duas gigantes parecem ter voltado definitivamente para o pódio, o que pode ser a diferença necessária para qualquer um dos 4 concorrentes. Ficando a frente de alguns, segurando outros, esses sim serão os fatores chave dessa disputa.

O grid de chegada em Valência só prova isso, podem ser os três carros suficientes para Barrichello, ou Button, ou Webber, ou Vettel, depende de quem chegar a frente dos vermelhos e prateados. E me arrisco ainda, a colocar a Williams de Rosberg nesse grupo, Nico tem feito provas excelentes e tem alternado quarta e quinta colocação nos últimos GPs, o que pode ser fundamental.

Entram possivelmente em uma ou outra corrida nesse bolo, Alonso e Kubica, e arrisco até certo Adrian Sutil…

Ou seja, meio grid vai definir o campeão de 2009.

Não é exagero afirmar que Spa será ponto decisivo da saga, onde, dependendo do resultado, pode ser “encerrada” ou vir a esquentar ainda mais. E como dito, cada piloto na zona de pontuação, terá seu papel.

E lá vão Dorothy, Leão, Espantalho e Boneco de Lata, em busca daquilo que lhes convém, enfrentando desafios inimagináveis pelo caminho. E até o último capítulo dessa história, nem OZ se arriscaria a prever o futuro.



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