Coluna do Joly: Valência, território dos brasileiros

Por Luís Joly

Local que busca alcançar o status de Mônaco na Fórmula 1, Valência é daqueles lugares de organização impecável, acabamento superior, facilidade de acesso e potencial turístico enorme. No entanto, dentro da pista mesmo (local ainda mais importante), nada muito emocionante acontece. Nada para o mundo todo, menos pro Brasil, diga-se. Afinal, em dois anos daquela pista, dois brasileiros levaram. Me lembra Hungaroring, que entre a estreia, em 1986, e 1988, só teve vitórias de Piquet e Senna.

E não é que chegou a vez dele? Rubens Barrichello, o rei das declarações polêmicas, o eterno açoitado pela imprensa e torcida (incluindo este colunista que vos escreve), logo ele, deu a centésima vitória brasileira nas pistas da mais famosa categoria do automobilismo. Vitória que contou com a perfeita fórmula talento + sorte. Talento porque Barrichello foi rápido quando precisou. Superou seus adversários no melhor estilo F-1 moderna – com ultrapassagens durante o reabastecimento. E sorte já que, quando não conseguiu alcançar o líder Lewis Hamilton, contou com uma providencial falha na segunda parada do inglês. Barrichello é a prova viva de que, se a F-1 abraça pilotos cada vez mais novos, os veteranos ainda têm seu valor. Veteranos como…

…Schumacher.

Já assistiram o lamentável “Em Alta Velocidade”, com Sylvester Stallone? No filme, o brasileiro Memo Moreno sofre um acidente. Para substituí-lo, eles resolvem trazer de volta o veterano e antigo campeão da categoria, Joe Tanto (claro, o Stallone). No filme, o ator que dá vida a Rocky e Rambo faz bonito, passeando nas pistas e ajudando o companheiro a conquistar o título da temporada. A vida real, porém, pode ser muito mais cruel.

O heptacampeão Michael Schumacher provavelmente não lembrou desse filme (quem lembra?), mas sabe que fama não ganha corrida quando voltou atrás, há alguns dias, e desistiu de tomar o lugar de Felipe Massa. Alegou dores no pescoço. Verdade ou não, tenho certeza que o alemão corria o risco de manchar o currículo em uma pista difícil. No lugar de correr um risco desnecessário, jogou a bomba para o pobre Luca Badoer – que, coitado, foi tão mal que até doeu. Se o roteiro for cumprido, Schumacher pode ter adiado seu marqueteiro retorno para pistas mais familiares, como Spa, onde é recordista de vitórias, ou Monza, onde é rei. Monza que, dizem, aguarda a chegada de…

…Alonso.

Na pausa da Fórmula 1, os boatos cresceram. Muitos colocam Kimi Räikkönen fora da Ferrari, para ceder lugar ao espanhol. Claro, todos negam, mas quando começam a falar demais de um assunto, é sinal de que tem algo pra valer na jogada. Alonso e Massa na mesma equipe? Longe de mim ser patriota, mas se o brasileiro voltar guiando do mesmo jeito que parou, será um páreo duro pro espanhol. Enquanto isso, sobrou para o ex-companheiro, Nelsinho…

…Piquet.

Nelsinho já mostrou em categorias menores que tem talento. Não é de se jogar fora e merece novas oportunidades na Fórmula 1. No entanto, está na hora de sair da barra da calça do pai e andar por méritos próprios.

Encerro esta coluna de análises amontoadas com a ótima notícia de que a temporada 2010 termina com o reabastecimento, reativado em 1994. Na época, a decisão foi criada para equilibrar a temporada, que vinha de dois anos (1992 e 93) dominados por apenas uma equipe. No cenário atual, o reabastecimento não era mesmo necessário mais. Já foi tarde.



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