Coluna Mundo Veloz: Felipe Massa caminha como um ídolo nacional?

Por Carlos Garcia

– Ser piloto de Fórmula-1 hoje no Brasil não é algo fácil. Após a morte de Ayrton Senna em 1994 o interesse do brasileiro se tornou restrito à um público muito segmentado, daqueles que gostam de carro mesmo e não deixam de acordar no domingo de manhã para assistir uma boa corridinha – mesmo que ela não seja tão boa assim, como andamos vendo em alguns exemplos. Não se falava mais sobre o assunto em “rodas de boteco” e programas de TV que não fossem segmentados no assunto esporte.

– Pois Felipe Massa, que parece ter nascido para conquistar as pessoas, passou a ser de uns anos para cá um dos responsáveis para mudar esse cenário. Tudo começou em 2006 quando fez a pole para o Grande Prêmio do Brasil. Depois de anos conturbados com a passagem de Rubens Barrichello pela Ferrari eis que um brasileiro novamente poderia vencer a prova em Interlagos. O cenário era perfeito, decisão de título mundial, despedida de Schumacher e um brasileiro largando na frente. Não deu outra, ele venceu de ponta a ponta com enorme autoridade e se tornou assunto no Brasil.

– Em 2007 após algumas vitórias na temporada o cenário era parecido. Decisão de título entre Hamilton, Alonso e Raikkonen e mais uma vez Felipe na pole. Como no ano anterior ele dominou toda a prova com muita autoridade, mostrando uma empatia gigantesca com a pista paulista, mas em um gesto que agradaria muito a Ferrari ele colaborou para que o companheiro de equipe fosse campeão do mundo e lhe permitiu a vitória. Voltou a ser assunto, com algumas críticas é claro, mas ainda assim ele tinha conquistado crédito com a torcida.

– E eis que chega o ano de 2008. Após uma excelente recuperação na temporada e também após ter sido atrapalhado pela Ferrari em algumas ocasiões – como a mangueira deixada em seu carro que lhe tirou a vitória em Cingapura – ele chegou com moral para a decisão contra Hamilton em Interlagos mesmo sabendo que suas chances de título eram muito remotas. Na corrida seu domínio incrível apareceu pelo terceiro ano consecutivo e azares de Hamilton fizeram com que Massa cruzasse a linha de chegada como campeão do mundo, situação que só não foi confirmada pois de forma épica, na última curva do circuito, Timo Glock teve problemas com seu pneu na água e Hamilton conseguiu a posição que precisava para conquistar o título.

– Foi um divisor de águas. Ajudado pela imprensa ele adquiriu status de “injustiçado pelo destino”, “campeão moral” e “melhor do mundo”, expressões que não definem a realidade mas que mostram o quanto ele tinha potencial para se transformar em um ídolo do esporte brasileiro, mesmo sem uma grande conquista, algo que Felipe ainda não o tem. Durante algumas semanas só se falava de Felipe Massa em todos os lugares e o assunto Fórmula-1 voltou à mídia.

– 2009 vinha sendo um ano mais difícil para ele pelo fato da Ferrari não conseguir acompanhar as adversárias. Outro fator que poderia retroceder o processo “idolátrico” de Massa era a presença de Barrichello em um carro vencedor, a Brawn, mas seu companheiro de equipe se sobressaiu sobre ele e mais uma vez Rubens não conseguiu cair nas graças da torcida.

– Porém sua batalha mais difícil estava por vir. Após ser acertado por uma mola na cabeça a mais de 200Km/h ele passou dias na UTI se recuperando do acidente que destruiu seu capacete. As notícias que chegavam ao Brasil davam conta que ele poderia ficar sem enxergar, que havia risco de morte, que poderia sofrer sequelas irreversíveis. Assim ele ganhou mais uma vez espaço nos noticiários em todas as emissoras de rádio e TV, jornais e em portais de internet. Ele se tornou o assunto da vez, inclusive quando foi anunciado seu substituto para as provas que ficará fora, nada mais nada menos que Michael Schumacher.

– Após todos esses acontecimentos já se pode afirmar que Felipe Massa é um ídolo nacional. Claro, em um país carente de ídolos é um pouco mais fácil alcançar essa condição, mas não sendo piloto de Fórmula-1 e muito menos sem uma grande conquista, que seria o título mundial. Mas mesmo assim ele já está na galeria dos assuntos, já é querido mesmo entre aqueles que não acordam cedo no domingo para ver corridas e mais que isso, frequenta assiduamente as famosas “rodas de boteco”, tudo após vencer a mais dura de suas batalhas.

E mais…

– E pela primeira vez desde o Grande Prêmio dos Estados Unidos de 2002 não viamos apenas um brasileiro disputando uma prova. Com a demissão de Piquet e o acidente de Massa apenas Rubens Barrichello disputará o Grande Prêmio da Europa em Valência;

– Na ocasião, Felipe Massa havia sido deixado de lado pela Sauber em detrimento de Heinz Harald Frentzen por apenas uma prova;

– Em outras ocasiões isso havia acontecido em San Marino em 87, quando Piquet se acidentou nos treinos e apenas Senna disputou a prova e também na Itália em 84 quando Senna não se qualificou para a prova;

– Aliás, falando em Piquet, o próprio se antecipou à Renault e fez questão de anunciar o seu desligamento da equipe ontem em um comunicado onde critica muito o chefe de equipe e ex-manager Flávio Briatore;

– Verdade que ele não foi muito bem tratado na equipe, mas também é verdade que errou muito e que talvez a demissão não tenha sido tão injusta assim;

– Final eletrizante da última prova da IRL no Kentucky. Quatro carros, Ryan Briscoe, o vencedor, mais Ed Carpenter, Tony Kanaan e Hélio Castro-Neves na mesma imagem, foi muito bonito de se ver;

– IRL que teve confirmada essa semana sua etapa de abertura no Brasil. Não se sabe o local ainda, na disputa estão Ribeirão Preto, Rio de Janeiro e Brasília, apenas que será em uma pista de rua. Eu aposto no lobby carioca;

– E no próximo final de semana, aliás, o Brasil tenta organizar a primeira prova de rua dos últimos anos na Stock Car, em Salvador. O local é muito bonito mas a pista me cheira insegurança. Torço para que dê tudo certo e a corrida seja boa, torço mesmo por essa categoria.

– Bora debater no Twitter www.twitter.com/mvgarcia ou então no blog oficial da F1 Mania, o “Mundo Veloz”.



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