Através do tempo: Quem é o melhor piloto da história?

Por Ylan Marcel

No fim de semana passado, Jenson Button assombrou o mundo, declarando que se considera o melhor piloto de todos os tempos da Fórmula 1. Diferente da mídia sensacionalista, entendi que o britânico falou em tom de ironia.

Button é um cara carismático, bom piloto e, provavelmente, se tornará campeão no final do ano. Porém, está longe de poder ser considerado o melhor de todos. Em minha modesta opinião, nem mesmo na atualidade ele tem esse posto.

Então, voltou à tona uma discussão que estava meio que morta, após a aposentadoria do alemão Michael Schumacher. Afinal de contas, quem foi o melhor piloto de todos os tempos?

Schumacher, sem dúvidas, se notabilizou como o mais vitorioso. Isso não quer dizer, necessariamente, que o tedesco foi o melhor. Afinal de contas, o domínio alcançado pelo próprio Button no início deste ano, lembra muito algumas temporadas dominadas por Schumacher no início da década.

Um carro bom, muitas vezes, mascara as deficiências dos corredores e, vivendo numa era totalmente midiática, na qual a imprensa tem como hábito e necessidade criar ídolos, mitos e “os melhores de todos os tempos”, temos que tomar cuidado com certas comparações, avaliações e adjetivações.

Na década de 50, Juan Manuel Fangio e Stirling Moss nem ao menos sonhavam em se tornarem ícones de gerações. Eram “pilotos de verdade”, que corriam em pistas no meio do mato, sem condições de segurança ideais e não se importariam em morrer por seus ideais.

A frase de Bruce McLaren, piloto da década de 60, exemplifica bem meu ponto de vista: “Fazer algo bem vale tanto a pena que morrer tentando fazer ainda melhor, não pode ser loucura. A vida é medida por realizações, e não por anos”.

Na década de 70, pilotos como Emerson Fittipaldi e Niki Lauda formavam uma nova classe de profissionais. Mais contidos, foram os pioneiros no quesito segurança. Não tinham medo do que os outros iriam pensar. Simplesmente corriam com a cabeça e, se as condições de segurança não fossem as ideais, abandonavam a prova, como ocorreu com Lauda em 76, quando perdeu um título praticamente ganho para James Hunt, ao não participar da etapa derradeira, em Fuji, no Japão, por conta de uma torrencial chuva.

Isso não impedia ou intimidava a presença de “loucos-furiosos”, como Gilles Villeneuve. O canadense ficou marcado mais por suas atuações espetaculares do que por resultados consistentes e títulos mundiais.

Já os anos 80 nos apresentaram grandes pilotos. Para muitos, os melhores da história estavam ali. Ayrton Senna, Nelson Piquet, Nigel Mansell, Alain Prost, dentre outros, disputavam lado-a-lado as curvas dos circuitos mundiais e travaram alguns dos pegas mais memoráveis em todos os tempos.

Alguns deles seguiram dando o ar de suas graças na década seguinte. Mas tudo na vida passa e chegava a hora de uma nova geração de talentos ocuparem seus postos. Michael Schumacher, Damon Hill, Jacques Villeneuve e Mika Hakkinen foram os ícones de uma época em que as ultrapassagens nas pistas se tornaram mais raras.

As estratégias passaram a ter um peso maior e a volta dos reabastecimentos alterou toda a dinâmica das corridas. Como conseqüência, o estilo de pilotagem dos concorrentes também.

O modelo segue até os dias de hoje. Nesta década, somente Fernando Alonso foi capaz de derrotar Michael Schumacher na pista. Kimi Raikkonen e Lewis Hamilton são os novos campeões, numa fase muito mais equilibrada em matéria de talentos.

E a história da Fórmula 1 seguirá, em meio a disputas políticas e ameaças de rachas. Seguirão, também, as discussões e as polêmicas. Afinal, quem foi o melhor piloto de todos os tempos? Depois de tantos campeões e tantas feras que já passaram nessas 60 temporadas incompletas da categoria, não me arrisco a eleger um só.

Ficarei em cima do muro. Podem atirar as pedras.

Um grande abraço e até a próxima semana.

Ylan Marcel

www.motorizado.wordpress.com



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