Através do tempo: A culpa é do Rubinho

Por Ylan Marcel

Há muito tempo se fala da pouca competitividade da Fórmula 1. Na última década, os regulamentos foram modificados de ano para ano, em busca de mais ultrapassagens e disputas acirradas.

No entanto, há um pouco de exagero nisso tudo. A Fórmula 1 nunca foi um celeiro de manobras ousadas. Prova disto é que apenas poucas ultrapassagens do passado são lembradas por nós.

Lembram do Piquet em Senna (Hungria-86) ou Senna em Prost (Montreal-88). Pois é! São as mais propagadas. Dêem-me outras! Tem que puxar pela memória para conseguir. Talvez aquela do Mansell no Berger na curva Peraltada, no México, em 90. Ou as do Senna, em 84, em Monte Carlo. Enfim…

Porém, o passado era pródigo em grandes disputas, disso não há duvidas. Ainda que os últimos duelos, entre Schumacher x Villeneuve; Hakkinen x Irvine; Alonso x Hamilton, dentre outros, também tenham sido empolgantes.

O problema da falta de competitividade da atual Fórmula 1 é o mesmo de algumas temporadas passadas. Ele atende pelo nome de Rubens Barrichello. Não é culpa do regulamento.

Nos anos em que o brasileiro correu na Ferrari, nunca fez sombra a Michael Schumacher e boa parte das conquistas do alemão se deve a passividade do companheiro.

Em 2002 e 2004, por exemplo, se Barrichello fosse minimamente competitivo, teria transformado duas das temporadas mais sonolentas da Fórmula 1 em campeonatos históricos. Ninguém poderia reclamar da falta de disputas.

Seria mais um duelo interno, como tantos que tivemos no passado. Senna e Prost na McLaren, em 88-89, foi assim. Mansell e Piquet, na Williams, em 86-87, também. Imagine se quaisquer uns desses pilotos acima citados tivessem o espírito de capacho de nosso Barrichello? Seriam anos tediosos!

Voltando a vaca fria… Passado o domínio da Ferrari, parecia que a Fórmula 1 voltaria a oferecer espetáculos emocionantes. A disputa do título entre Alonso e Raikkonen, em 2005, não foi ponto a ponto, mas empolgou! Jovens talentos se destacando e vencendo. Em 2006, Alonso dobrou Schumacher mesmo com um carro inferior e colocou seu nome de vez na galeria dos grandes campeões.

Já em 2007, Hamilton não quis saber de ser segundo piloto. O que seria uma temporada amplamente dominada por Alonso rumo ao tri, se transformou numa luta a três, que acabou premiando Kimi Raikkonen, da Ferrari. Lembrou o ano de 1986. É só substituir Hamilton por Mansell, Alonso por Piquet e Kimi por Prost.

No ano seguinte, o duelo infartante entre Massa e Hamilton foi colossal! E ainda tinha Kimi defendendo o título, muito forte no início. Robert Kubica, de BMW, também venceu e lutou pela taça até o penúltimo GP.

Aí chega 2009. A Brawn GP apresenta um modelo insuperável. Seus pilotos: Jenson Button e Rubens Barrichello. Coincidentemente, nosso querido brasileiro volta a levar uma surra com um carro competitivo. Button, até então considerado um piloto mediano para muitos, supera Rubinho com tanta facilidade que a temporada está me dando sono.

Diferentemente de anos anteriores, não venho acompanhando todos os treinos livres dos fins de semana. Acordo tarde e só vejo o Q3 das classificações e, no domingo, quase perco as voltas de aquecimento.

A Fórmula 1 não tem disputa e isso desmotiva até mesmo este colunista que vos escreve.

Por isso, não tenho dúvidas em afirmar: nos últimos anos, temporadas chatas têm um único culpado. Rubens Barrichello.

Um abraço e até semana que vem.

Ylan Marcel

www.motorizado.wordpress.com



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