Coluna Mundo Veloz: O priorado da Fórmula-1

Por Carlos Garcia

– Existe uma confraria na Fórmula-1 que todos sabem que está lá mas ninguém sabe exatamente onde se quer chegar, que segredos guarda, que mistérios a envolve e principalmente quais são os objetivos dos envolvidos. Assim como no filme “O Código da Vinci”, de Dan Brawn, O “Priorado de Sião” procura manter intacto um segredo guardado durante anos que envolvia o “sangue real” de Cristo e ninguém sabia porque lutavam tanto.

– Ótimo. Na Fórmula-1 também é assim. De um lado existe a instituição FIA, a Federação Internacional de Automobilismo. De outro a agora organizada FOTA, a união entre as equipes para melhorias no esporte. Digo “agora organizada” pois até um ano atrás nem a entidade nem existia. E no centro de tudo isso a Fórmula-1, que seria o grande instrumento de discórdia, ou o Santo Graal vivo nas mãos de seu dono, Bernie Ecclestone.

– Para resumir o Santo Graal (Fórmula-1) é de Bernie Ecclestone mas é gerenciado pela FIA e tem como participantes as equipes de Fórmula-1 que conhecemos.

– E nesse momento todos batalham entre si em uma cruzada que parece não ter fim. Não é de hoje que os times não conseguem aceitar a presença de Max Mosley à presidência da FIA, não aceitam as divisões da receita comercial da categoria. Mosley por sua vez não acredita que os times sejam capazes de ganhar tanto e faz o que pode para diminuir os gastos com desenvolvimento na Fórmula-1.

– Bernie Ecclestone fica dos dois lados. Não quer que FOTA e FIA entrem em litigio. As equipes ameaçam montar uma nova categoria a isso faria com que todo seu gigantesco rendimento escorresse pelo ralo da discórdia. Ele não nutre tanta admiração assim por Max Mosley mas entende as idéias do dirigente pois sabe que se os times gastarem menos dinheiro eles terão automaticamente mais receita em caixa. Por outro não quer perder a Ferrari, isso seria o fim para ele.

– Discórdias como essas já aconteceram em tempos passados, onde a organização era bem menor. Hoje em dia ninguém acredita que a Fórmula-1 possa acabar e mesmo aqueles que ameçam dar cabo desse projeto no fim das contas vão trabalhar para que nada aconteça. Mas aí fica a grande pergunta: O que eles querem afinal?

– Por que Max Mosley quer tanto interferir nas regras de um campeonato que consegue andar e crescer sozinho? Por que as equipes são tão intransigentes e mesmo sabendo que o caminho para o futuro é economizar não querem admitir que o inglês tem razão? Por que Bernie Ecclestone não põe a mão no bolso e cala a boca de todo mundo sob pena de ficar sem nada?

– Daí surgem as toerias. Sabemos que muitas vezes por debaixo dos panos os inimigos estão de mãos dadas para o bem interno, a história mostra fatos assim. Alianças misteriosas transformam pessoas amigas em inimigas do dia para a noite e vice-versa. As vezes sinto esse cheiro podre na briga envolvendo as equipes da Fórmula-1 e a FIA.

– Que segredos não teriam o grão-mestre Max Mosley e seus asseclas? Luca di Montezemolo, Bernie Ecclestone, Flávio Briatore e tantos outros fariam que tipo de acordo para que a categoria continuasse a acontecer da forma como hoje a conhecemos? Enquanto o italiano presidente da Ferrari atira para todos os lados, dizendo que pode correr em Le Mans, em Indy ou onde for, Bernie Ecclestone pede paz e Max Mosley declara guerra.

– E nós, no meio disso tudo, jamais saberemos que meios justificarão o final dessa história. Apenas que no final, como sempre, tudo deu certo. É pelo menos o que esperamos.

E mais…

– Em Silverstone Button corre em casa para ratificar ainda mais a condição de virtual campeão da temporada. Não sei porque, mas tenho em mente que, correndo em casa, algum problema deve acontecer com ele, é sintomático, tudo está indo bem demais;

– Barrichello, que sempre vai bem na pista inglesa, espera mais uma vez poder se aproveitar de um problema do companheiro porque na pista a situação para ele está tremendamente complicada;

– Enquanto isso a Renault apoia Nelsinho Piquet em sua caminhada na atual temporada, que talvez seja a última da montadora na categoria;

– Já Felipe Massa resolveu expor suas preocupações e começa a admitir que, quando sai do carro, não tem como não pensar no futuro da Fórmula-1, ou seja, o seu próprio;

– Em Puebla, na Nascar mexicana, o maior ídolo da categoria Carlos Pardo morreu em um acidente bizonho. Primeiro pelo toque ridículo (e comum na categoria) que recebeu por trás em plena reta, segundo pela posição terrível do muro pelo lado de dentro da reta. Vendo o vídeo me espantei com tanto amadorismo;

– Mais ainda sobre Puebla… como o asfalto é terrível. Os carros mexicanos são mais altos que os irmãos americanos e mesmo assim balançam mais que ônibus em São Paulo;

– Acidentes como esse tem o lado bom de deixar um legado de segurança para o futuro. Espero apenas que não apenas Puebla tome providências como também outras pistas pelo mundo que tenham características parecidas. Dada a posição daquele muro até que demorou para que algo acontecesse.

– Vamos debater? Acesse o “Mundo Veloz”ou me siga no www.twitter.com/mvgarcia



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