Por Ylan Marcel
Os velhinhos da FIA não se cansam. Todos os anos, mudanças nas regras da Fórmula 1 são impostas – as vezes acordadas – e, muitas delas, não surtam o efeito desejado. No final de 2002, num dos maiores domínios de uma equipe e um piloto (Ferrari-Schumacher), o Sr. Max “Nazi” Mosley afirmou categoricamente: “Uma temporada como a deste ano jamais acontecerá”.
A conseqüência daquele campeonato foi sentida em vários aspectos: uma nova pontuação, maior durabilidade dos motores, diversas alterações nas regras dos pneus, além de um excesso de punições e restrições aos pilotos na pista.
Passamos a viver uma era de padronizações. Motores com giros limitados, pneus mono marca, eletrônica padronizada, dentre outras novidades para se encontrar um equilíbrio.
Equilíbrio este jamais visto na Fórmula 1. Houve a época da Lotus, lembram? Na década de 80, a Williams-Honda assombrou, bem como a McLaren com Ayrton Senna. Depois, os anos 90 apresentaram a superioridade do conjunto Williams-Renault. A McLaren voltaria forte, numa parceria com a Mercedes, alguns anos mais tarde. A Ferrari, afastada durante muito tempo das vitórias, encontrou o caminho com Michael Schumacher, bem como Fernando Alonso dominou algumas temporadas com seu Renault.
Atualmente, vivemos outro domínio: o da Brawn GP. Escrevo isso tudo para mostrar que a tentativa da FIA, de tentar buscar uma equalização forçada na categoria, jamais poderia dar certo.
Apesar de uma temporada equilibradíssima em 2003, o ano seguinte comprovaria a tese de que tudo não passara de um golpe de sorte. O ano de 2004 assistiu a maior superioridade de uma equipe e de um piloto frente a seus rivais em toda a história.
Michael Schumacher começou a competição com cinco vitórias arrasadoras. Na sexta etapa, em Mônaco, bateu no túnel com Juan Pablo Montoya, num período de Safety-Car. Mas isso não abalou sua confiança, nem a da equipe, que continuou desenvolvendo com propriedade e sabedoria o F2004. O resultado foram mais sete vitórias nas corridas seguintes.
Isso mesmo! O alemão venceu 12 das primeiras 13 corridas daquele certame. Daí em diante, “permitiu” a seu companheiro, Rubens Barrichello, vencer duas provas. Kimi Raikkonen e Juan Pablo Montoya também puderam triunfar, mas apenas uma vez. Definitivamente, as propostas da FIA e de Bernie Ecclestone se provaram equivocadas.
Curiosamente, a Brawn GP mantém domínio semelhante em 2009. Jenson Button venceu cinco vezes em seis corridas disputadas. Apenas Sebastian Vettel furou este bloqueio, ganhando na China. Assim como em 2004, o único a superar Michael Schumacher no início do ano não foi Barrichello, o eterno companheiro dos pilotos dominadores. Foi Jarno Trulli, à época na Renault.
Como se vê, estamos diante de uma realidade já assistida. De nada adiantaram as mudanças promovidas nos últimos tempos. Terminamos no mesmo lugar.
Espero que “Nazi” Mosley e “Senil” Ecclestone percebam as burradas que andam fazendo, passem o bastão para mentes mais capazes e que nos permitam curtir uma Fórmula 1 mais competitiva no futuro.
Um grande abraço e até semana que vem
Ylan Marcel
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