Carlos Garcia
– Estávamos desacostumados com a soberania que um bom aliado carro aliado a um bom piloto é capaz de impor à Fórmula-1. Ver Button vencendo 5 corridas em 6 possíveis é algo que nos remete a um passado que parece distante na nossa memória. E olha que o fato de um mesmo piloto dominar as primeiras provas de uma temporada é fato mais do que comum na fase moderna da categoria. Vejamos o exemplo clássico de Michael Schumacher que dominava os campeonatos com maestria, em especial dando tudo de si no início do ano para ter folga no final, quando eventualmente alguma equipe conseguia uma evolução de seus carros.
– Em 1994 Michael, nas 7 primeiras provas, ganhou 6 e chegou em segundo na outra, número que pode ser igualado por Button caso vença em Istambul. Quando conquistou seu primeiro título com a Ferrari a situação foi parecida pois ele venceu nas 3 primeiras provas, garantindo a folga necessária para ser campeão. Em 2002 ele também venceu 6 das 7 primeiras provas e em 2004, seu último título, ele conquistou o trunfo nas 5 primeiras etapas do mundial.
– Mas engana-se quem pensa que só Schumacher agia assim. Damon Hill em 1996 venceu 4 das 5 primeiras etapas e Hakkinen em 1998 triunfou 4 de 6. Alonso também, dono dos títulos de 2005 e 2006, venceu 3 das quatro primeiras provas em seu primeiro título e nas 9 primeiras provas do ano seguinte venceu 6 e terminou em segundo as outras três, um domínio absoluto.
– Mas de repente, após a aposentadoria de Schumacher e ida de Alonso para a McLaren, nos foi vendida a impressão de que estava “no ar” uma nova Fórmula-1. E tivemos mesmo motivos para acreditar que assim que era assim mesmo. O locutor da emissora oficial repetiu diversas vezes que essa era a “Fórmula-1 da nova geração” e nós tinhamos todos os motivos para acreditar pois Massa, Raikkonen, Hamilton e Alonso, aqueles que disputavam o título era apenas garotos que em pouco tempo ganharam a companhia de Kubica, Vettel e afins.
– Mas não é só pela presença dos garotos em equipes grandes que a categoria ganhava status de “nova Fórmula-1”, e sim porque esses meninos proporcionaram grande equilibrio em todos os momentos dos campeonatos.
– Em 2007 Raikkonen, o campeão, até venceu a primeira etapa do ano mas foi tido como “carta fora do baralho” por ter passado 6 provas sem conquistar um bom resultado. O equilibrio fez com que a decisão acontecesse no Brasil com três pilotos, Hamilton, Alonso e Raikkonen brigando pelo título.
– A temporada seguinte foi ainda mais espetacular. 3 pilotos diferentes venceram as 6 primeiras provas, Hamilton, Massa e Raikkonen. Mais que isso, outros quatro pilotos se juntaram à galeria dos vencedores no ano passado, Alonso, Kubica, Vettel e Kovalainen. O campeão só foi definido literalmente na última curva da última prova em favor de um piloto que venceu menos provas que o vice. Hamilton ganhou 5 corridas e Felipe 6.
– Okay, dessa forma fomos convencidos que a Fórmula-1 vivia novos tempos, que o equilibrio definitivamente fazia parte da categoria e que por isso muitas corridas poderiam ser decidas no braço por aquele que vivesse uma jornada mais feliz. Foi assim durante dois prazerosos anos.
– As coisas continuaram assim em 2009 após uma emocionante pré-temporada uma equipe que surgiu do nada, a Brawn, chegou fazendo pole position e vencendo logo na primeira etapa. Além disso ainda trouxe dois velhos conhecidos do público, Rubens Barrichello e Jenson Button de volta ao pódio. Vettel também voltou a vencer logo na terceira etapa, mas o que se vê até aqui é algo que se via nos últimos anos, o líder do mundial e virtual campeão venceu 5 de 6 provas e lidera o campeonato com folga guardando resistência para quando equipes rivais, em especial a Ferrari, desenvolverem melhor seus bólidos.
– Mas isso significa que após dois anos divertidíssimos a Fórmula-1 volta ao que pudemos ver nos últimos anos? Sinceramente espero que não mas não é exatamente o que eu acredito. Passada a novidade da Brawn GP e sua performance e a mesmice vai tomando conta do mundial 2009. Até Barrichello perdendo para seu companheiro de equipe não é novidade. Fico no aguardo das próximas etapas e apostando minhas fichas em uma recuperação da Ferrari e melhora da Red Bull, aí sim a coisa fica boa, mas “Fórmula-1 da nova geração” já não é mais, e olha que nem quis tocar no assunto “racha entre as equipes”.
E mais…
– Esse 6×0 de Button pra cima de Barrichello está pegando muito mal, não é a primeira vez que digo isso. A pontuação ainda é coerente, um problema com Jenson e Rubens se recupera no campeonato, mas ele precisa reagir, o tempo oestá acabando;
– Enquanto isso o passeio de Button em Mônaco o permitiu até olhar para os out-doors em volta: “Em toda volta que eu passava ali parecia que ela estava olhando para mim”, ele estava falando da modelo Jessica Pace, que aparecia em uma imagem. Domingo tranquilo para ele;
– A Ferrari ao que tudo indica vem se recuperando do péssimo início de temporada e seus pilotos já brigam por posições de pódio. Na carona desse bom desempenho do time seus dois pilotos fizeram um belo trabalho em Mônaco com o terceiro lugar para Raikkonen, com Massa logo atrás;
– Mas é bom prestar atenção no que o time pode fazer na Turquia pois ao que tudo indica Mônaco equilibrou um pouco as coisas;
– E de repente de uma hora para outra todas as equipes entram em acordo e decidem deixar a Fórmula-1 caso as regras para a próxima temporada não sejam alteradas. Pois bem, mas não menos de repente a Williams já tratou de garantir sua inscrição, rachando o racha;
– Na Indy-500 Helio Castroneves venceu pela terceira vez na carreira e se tornou o brasileiro a vencer mais vezes a principal prova do automobilismo mundial. Dos tribunais para as pistas ele conquista as duas principais vitórias de sua história pessoal;
– De qualquer forma esse roteiro é muito “Hollywood” pra minha cabeça, não quero me precipitar mas alguma coisa definitivamente não encaixa. E americano adora isso…
– Vamos debater, siga-me no twitter, www.twitter.com/mvgarcia e entre no “Mundo Veloz”, http://mundoveloz.f1mania.net
Até a próxima semana…