Por Sérgio Tarcitano
Depois do GP da Espanha, quando Rubens Barrichelo botou a boca no trombone alegando favorecimento da equipe ao piloto inglês Jenson Button. Os brasileiros, lógico, já levantaram a “teoria da conspiração” contra Barrichelo. Até comparações com a época em que o piloto brasileiro pilotava pela Ferrari foram feitas. Mas o que interessa é o seguinte: Barrichelo tem razão, ou não em reclamar? Sim… E não… Vamos estudar os acontecimentos que antecederam ao GP para entender minha posição (ou falta dela).
Nas duas primeiras provas da temporada, Austrália e Malásia, Button fez a pole e venceu a prova, enquanto Barrichelo foi 2º e 5º colocado. Na China, a pior prova para a equipe Brawn, o brasileiro largou em 4º e chegou em 4º. Já o inglês… Largou em 5º mas chegou em 3º. No Bahrein, Button largou em 4º e venceu de novo, enquanto Barrichelo largou em 6º e chegou em 5º. Então, nas 4 primeiras etapas Button foi 1º, 1º, 3º e 1º outra vez. Era (e ainda é), surpreendentemente, o lider isolado do campeonato, numa equipe com orçamento reduzido e que sabe que sua superioridade não durará até o final do ano, pois as equipes com mais recursos fatalmente a irão alcançar durante o decorrer do campeonato. Sendo assim, é normal que a equipe cuide mais de Button. Qualquer ponto perdido (ainda mais dentro da própria equipe) neste período de “vacas gordas” pode fazer falta no final, que será bem mais disputado. Então, por este ângulo, Barrichelo não tem razão de reclamar.
Por outro lado, o experiente piloto brasileiro é o maior responsável pelo desenvolvimento do carro. E essa mesma experiência pode ser importante numa disputa mais acirrada por pontos. E, dentro da pista, Rubens Barrichelo sempre foi mais rápido que Button. Com o mesmo equipamento (atualmente não é) Barrichelo nunca tomaria tempo do inglês. Porem, fora das pistas, Barrichelo às vezes fala demais e da umas derrapadas.
Finalmente. Barrichelo ainda tem chances neste campeonato? Sim. Mas terá que usar mais a cabeça, pois está numa equipe inglesa, com chefes ingleses e companheiro (fora o fato de ser o líder isolado do campeonato) inglês. Nelsão Piquet sofreu isso na Williams e foi difícil reverter, ele chegou até a entrar para o pit stop quando a equipe estava pronta pra receber seu companheiro (Nigel Mansell), pois desconfiava que os melhores pneus estivessem reservados para o inglês, e estava certo. Pois é… Barrichelo tem que pilotar o tempo todo com a faca entre os dentes e marcar o maior número de pontos possíveis, e chances de reduzir a diferença para Button só quando houver mais pilotos na disputa, o que parece que irá acontecer neste final de semana em Mônaco, pois no “mano a mano” entre ele e Button a equipe irá sempre a favor do líder do campeonato, e o resultado será o mesmo da Espanha.
O entusiasmo na Inglaterra é tão grande que uma foto onde aparece o “cofrinho” do Button foi manchete de jornal…
Na próxima coluna eu digo como anda a pesquisa sobre os bons pilotos injustiçados e os malas da Fórmula 1.