Por Ylan Marcel
A atual crise entre FIA e FOTA nos remete ao início da década de 80, quando uma briga política de grandes proporções mudou os rumos da Fórmula 1.
Durante o campeonato de 1980, a preocupação de todos era exatamente saber se existiria Fórmula 1 num futuro próximo. O racha entre FISA (FIA) e FOCA (FOA) quase extinguiu com a F1 entre 1980 e 1982.
Para se ter uma idéia, o GP da Espanha de 1980 foi realizado, mas os pontos não valeram para o campeonato, em decorrência de discórdia entre FISA e FOCA. A largada da prova foi atrasada por causa de uma briga (reuniões de disputa de interesses) nos bastidores. Algumas redes de TV chegaram a ameaçar boicotar a transmissão da F1 por causa da palhaçada em que estava se transformando aquela disputa entre FOCA e FISA.
Isto sem mencionar o famoso GP da San Marino de 1982, organizado com apenas 14 carros devido ao boicote de equipes por conta da implantação da superlicença para pilotos da categoria.
A Formula One Constructors Association (Foca) e a Federation Internationale Sportive Automobile (FISA) começaram a disputar o controle da Fórmula 1. A Foca (atual FOM) acaba ganhando a gerência da parte comercial do “circo”, que exerce até hoje.
Costumo conversar sobre esta crise com amigos e todos são unânimes em dizer que tudo irá se acertar. Mas quando pergunto o porquê, dão respostas óbvias ou superficiais. “No final tudo se resolve”, disse um. “Você acha que vai parar de passar Fórmula 1 na TV no ano que vem?”, indagou outro.
Segundo o Sr. Barriga, personagem mítico da minha infância, somente os idiotas respondem uma pergunta com outra pergunta. Portanto, vamos tentar encontrar fatos ou versões para entender o caso.
Assim como aconteceu na Fórmula Indy, há quase 10 anos atrás, a Fórmula 1 pode, sim, sofrer um racha. Acho que se Mosley e Bernie não aumentarem a participação das equipes nos lucros da categoria, poderemos viver um momento histórico de divórcio. Afinal, as equipes não têm culpa do esquema do Bernie com a SLEC ter quebrado e os bancos terem papado as sobras.
Sem nos esquecer deste absurdo teto orçamentário proposto pela FIA, que pode transformar a Fórmula 1 numa disputa de duas divisões numa mesma competição, como acontece com a Fórmula 3 Inglesa (International e National Class).
O esporte está recheado de rachas. No futebol brasileiro, podemos lembrar o ano de 1987, quando o Clube dos 13 organizou seu próprio campeonato, deixando o “Brasileirão” da CBF ridicularizado. No final, foi a própria confederação quem correu atrás dos clubes para uma reunificação.
O basquete hoje em dia também vive uma situação parecida, com nosso eterno “cestinha” Oscar organizando uma Liga Nacional (NBB). Na política, os liberais americanos, depois da reeleição do republicano George W. Bush, em 2004, brincaram com a idéia de separar os estados democráticos dos Estados Unidos e juntá-los ao Canadá.
Até aqui no Brasil, onde a discussão política andava morta, já se considera modificar a representação popular para evitar que novas bandalhas, como a do “Mensalão”, aconteçam novamente. Essa liberdade de pensar e de questionar novos rumos é uma coisa que julgo altamente positiva.
Portanto, minha opinião é de que tudo é possível em meio à crise instalada. E como sabemos que o grande objeto de discórdia nisso tudo se chama dinheiro, é possível, por mais incrível que possa parecer, notar semelhanças entre a sólida e desenvolvida democracia da Europa com a nossa desacreditada e corrupta República das Bananas.
Assim como o PT, Max Mosley terá de pagar o Mensalão às equipes para que todos continuem, aparentemente, unidos na mesma causa. E também para confirmar sua reeleição… Em outubro!
Nazi Max e Senil Ecclestone: soltem a grana e esqueçam o teto!
Abraços galera e até a semana que vem!
Ylan Marcel
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