Através do tempo: Ayrton Senna teria sobrevivido no GP dos EUA de 2005

Por Ylan Marcel

Em minha primeira coluna após o aniversário de 15 anos da morte de Ayrton Senna, decidi preparar uma homenagem ao nosso grande tricampeão. Esta coluna, que retrata sempre o passado da Fórmula 1, trará desta vez uma análise sobre a mudança de postura da categoria com relação à segurança, comparando o ano de 1994 com 2005, uma temporada na qual assistimos um dos maiores vexames da história do desporto.

O GP dos EUA-05 ficará marcado para sempre como um episódio triste na história da Fórmula 1. Um grid de apenas seis carros, a revolta dos torcedores e os prejuízos (financeiro, de imagem e de credibilidade) jamais poderão ser esquecidos e ficaram em evidência por muito tempo.

Moro no Rio de Janeiro e, mal comparando, posso traçar um paralelo com os campeonatos cariocas de 1997 e 98. Nessa época, Flamengo, Fluminense e Botafogo se rebelaram contra o Vasco da Gama e a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FFERJ).

Em 98, o segundo turno do campeonato foi recheado de acontecimentos bizarros. Quem não se lembra do Fla X Flu que terminou empatado em WO. Isso mesmo! O Flamengo foi para o Maracanã enquanto o Fluminense aguardava o adversário nas Laranjeiras…

Tudo isso manchou muito a imagem do futebol carioca e, vejam só, estamos em 2009 e continuamos desacreditados.

A Fórmula 1, naquele domingo, beirou igualmente o ridículo. Foi como se a Michelin não quisesse entrar em campo. Claramente, ela tinha seus motivos. Mas a incompetência da marca francesa em aliar resistência, segurança e competitividade nos compostos utilizados na pista norte-americana foi o que mais se destacou.

Porém, competição a parte, chamo a atenção do leitor para a mudança de postura e mentalidade dos cartolas da Fórmula 1 atualmente. Em San Marino-94, mesmo com o acidente feio de Rubens Barrichello e da morte de Roland Ratzemberg, a corrida foi realizada normalmente. Nos EUA-2005, bastou um susto com Ralf Schumacher para que 70% do grid assistisse a prova de dentro do box.

Um acidente num dos treinos livres com o piloto alemão, então representante da Williams, deixou claro a fragilidade daqueles compostos franceses. Era uma época em que estava proibido trocar os pneus dos carros nos pit-stops durante os GPs.

Não tenho dúvidas de que, lá do céu, Ayrton Senna ficou muito feliz com essa atitude que, é bom que se diga, partiu da Michelin ao reconhecer falhas, algo muito incomum no mundinho egocêntrico da Fórmula 1.

Senna não queria correr em 94 porque pressentia o perigo. A morte voltou a rondar a Fórmula 1 naquele fim de semana de 2005. Felizmente, 11 anos depois, o bom senso prevaleceu e só foram para a pista os pilotos que tinham pneus confiáveis.

Pensando bem, acredito que, com a atual mentalidade da Fórmula 1 – de colocar a segurança de pilotos, mecânicos e espectadores em primeiro lugar – até mesmo o desconhecido Roland Ratzemberg teria sobrevivido em Ímola, já que o acidente de Rubens Barrichello, na sexta-feira, já seria suficiente para abrir os olhos da turma.

De 2005 pra cá, muita coisa mudou e a segurança se intensificou. Ayrton Senna agradece e abençoa o mundo da Fórmula 1, esteja ele aonde estiver.

Saudades eternas!

Um grande abraço e até a semana que vem!

Ylan Marcel

www.motorizado.wordpress.com



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