Por Ylan Marcel
Em 2007, quando Lewis Hamilton estreou na Fórmula 1, muito se falou que o britânico era o primeiro piloto negro na categoria. De fato, o campeão de 2008 teve o privilégio entre os afro-descendentes de competir num GP. Porém, há 24 anos, um norte-americano, também daquela etnia, participou de testes no autódromo de Estoril, em Portugal.
A história de William Theodore Ribbs Jr. começa em 1975, quando concluiu a High School (espécie de ensino médio dos Estados Unidos) e se mudou para a Europa, em busca do sonho de se tornar um piloto de Fórmula 1.
Ribbs se inscreveu e venceu, logo em seu ano de estréia, um dos campeonatos da Fórmula Ford Series, o Dunlop Championship. No entanto, apesar do relativo sucesso, voltou a sua terra-natal para disputar diversos campeonatos locais.
Até que em 1978, Humpy Wheeler, presidente do Lowe’s Motor Speedway, convidou-o para a etapa de Charlotte da NASCAR. Porém, nem conseguiu disputar o evento. Depois de ser preso por andar na contramão de uma rua da cidade, perdeu os dois primeiros treinos livres e foi substituído pelo promissor Dale Earnhardt na equipe de Will Cronkite.
Anos depois, “Willy” participou da Fórmula Atlantic, conquistando a pole-position para a etapa de Long Beach em 1982. No ano seguinte, venceu cinco corridas na Trans-Am Series, sendo coroado como o estreante do ano na categoria.
Entretanto, o grande momento de sua carreira aconteceria em dezembro de 1985, quando foi convidado por Bernie Ecclestone para testar um carro de sua equipe, a Brabham, na Fórmula 1. A jornada aconteceu no Autódromo de Estoril, em Portugal.
Mas Ribbs acabou não se saindo nada bem. Dos 19 pilotos presentes na pista portuguesa, o norte-americano foi o 17º mais rápido, à frente apenas de Volker Weidler, de Toleman, e Alessandro Nannini, de Minardi.
A comparação com seus parceiros de Brabham foi cruel. Riccardo Patrese obteve o terceiro tempo, enquanto Elio de Angelis foi o oitavo, 6s e 4s mais rápidos que Ribbs respectivamente.
Assim sendo, o primeiro piloto negro a pilotar um Fórmula 1 na história não teve outra alternativa e voltou para o automobilismo de seu país. Disputou, em 1986, três etapas da divisão principal da NASCAR, mas sem resultados expressivos.
Em 1990, apoiado pelo comediante Bill Cosby, conseguiu competir na finada CART, terminando duas corridas entre os dez primeiros. No ano seguinte, se tornou o primeiro afro-americano a se classificar para a disputa das 500 Milhas de Indianápolis. Conseguiu repetir o feito em 1993.
No entanto, sua carreira ficaria marcada por uma tragédia. No GP de Vancouver de 1990, ano de estréia daquela pista no calendário da CART, um comissário de pista foi atropelado e morto.
O carro do piloto Ross Bentley teve problemas e precisou ser empurrado por seus mecânicos. Daí, Ribbs, que vinha logo atrás, não conseguiu desviar e passou com sua roda traseira esquerda pelo corpo de Jean Patrick Hein, que morreu na hora. As imagens são fortes e podem ser encontrados no YouTube.
Daí em diante, o piloto, já na casa dos 40 anos, não tinha muito mais a fazer. Ainda disputou a etapa de Las Vegas da extinta IRL, em 1999. Um acidente o relegou ao 26º posto na classificação geral da prova.
Em 2001, Ribbs alcançou a 16ª posição no campeonato da Truck Series da NASCAR. Correu 23 das 24 corridas do ano e encerrou ali sua carreira.
Depois de muitas críticas a administração da NASCAR e das 500 Milhas de Indianápolis, se retirou do mundo do esporte-motor e hoje em dia participa de torneios de tiro com pratos da National Sporting Clays Association.
Um bela história, não acham? No meu blog, o Motorizado, irei disponibilizar algumas fotos da carreira do piloto, bem como o vídeo do tal atropelamento que citei acima.
Um grande abraço e até a semana que vem!
Ylan Marcel
www.motorizado.wordpress.com