Por Luís Joly
Passadas três corridas atípicas, o Bahrain, no meio do deserto, foi o mais próximo que tivemos até agora de uma prova normal. Sem chuvas, sem interrupções, em um horário familiar. Nada disso adiantou e a nova lógica da F-1 se manteve. Button venceu de novo, Toyota e Red Bull seguiram à risca o que mostraram nos treinos… e Barrichello?
Em uma performance apagada, o brasileiro chegou mais uma vez (bem) atrás de Button. Erro de estratégia, freio vidrado, mal aquecimento nos pneus, safety car, difusor abalroado, etc. Há uma extensa lista de justificativas que ele sempre poderá usar para não atingir uma posição melhor na linha de chegada -e muitas delas, certamente, serão reais e plausíveis. O fato é que esta, talvez, seja a maior, melhor e provavelmente última chance de Rubens Barrichello ser campeão na Fórmula 1 e ele a está vendo sumir pelo ralo, esvaindo-se entre seus dedos e caindo no colo do companheiro de equipe.
Rubinho estava com as malas prontas. Mesmo que não se aposentasse agora, o piloto sabia que certamente estava no fim da carreira e pouco ainda tinha a mostrar. O anúncio da Brawn GP, a poucas semanas do início do calendário, não empolgou ninguém. Todo mundo dava como certo que a equipe montada em cima da falida Honda seria apenas uma figurante. Surpresa após a pré-temporada. Tudo muda e a Brawn, de repente, é o time mais forte entre todos. E o duelo Barrichello-Button, que sempre foi desprezado pelas estatísticas iniciais, de repente ganhou interesse.
A dupla da Brawn corre lado a lado desde 2006. A disputa de posição sempre foi saudável entre ambos nos tempos de Honda. Claro, à época os holofotes estavam apontados para McLaren e Ferrari. Button sumiu de cena quando o compatriota Hamilton conquistou o país. Rubinho fez o mesmo dando o lugar para Felipe Massa. E agora, que a veterana dupla se vê como protagonista do ano, o que devemos esperar?
Basta uma rápida pesquisa para ver que, desde que estão juntos na Honda, Button vem sendo mais rápido que Barrichello. O inglês tem ligeira vantagem sobre o brasileiro na soma geral de posições de largada e chegada na temporada anterior, por exemplo. Verdade que Rubinho teve seus momentos, como o brilhante terceiro lugar na Inglaterra ano passado, mas também é certo que, no geral, Jenson Button estar na frente de Rubens Barrichello não é algo assim tão fora do comum.
Para o azar (ou falta de estrela) de Rubinho, porém, a mídia brasileira, especialmente a TV, coloca sobre seus ombros uma pressão exagerada. Coloca em seus braços um talento superior ao que ele possui. Com isso, a expectativa do público torna-se grande demais, e a frustração, ainda maior. A história disso todos nós já conhecemos: Rubinho aceitou o papel de herói nacional nos anos 90 após 1º de maio, e deu no que deu. Virou piada em programas humorísticos e não convenceu muita gente do talento que possui.
A diferença entre os dois pilotos da Brawn na tabela está cada vez maior. E a lista de motivos para os problemas de Barrichello vão diminuindo. Em público, ele parece lidar bem com isso. Diz estar tranqüilo e sabe que sua hora vai chegar. Pode até ser que chegue. Mas pode ser tarde demais.
RETA OPOSTA
Se fosse pela pontuação nova…
…já seriam três vitórias em quatro corridas para Button. Será que isso vai fazer a FIA repensar a decisão de usar a pontuação por vitórias o ano que vem?
Massa falido
Não bastasse o fato da Ferrari estar muito fraca, seus próprios pilotos não se entendem. Räikkönen foi atrapalhar justo o brasileiro na primeira curva. Felipe perdeu o posto de rei (ou xeique?) do Bahrain.
E a BMW?
Alguém sabe me dizer o que aconteceu com a BMW? Robert Kubica passou de talento a esquecido em menos de 6 meses…