Por Ylan Marcel
A temporada 2009 da Fórmula 1 apresenta diversas surpresas. Uma delas, Jenson Button na liderança da tabela de pontos. É a primeira vez que o britânico vive uma situação similar, desde sua estréia na categoria em 2000.
Analisando a proposta de Bernie Ecclestone para a definição do campeão deste ano – no número de vitórias – chegamos a conclusão que, pelo menos até o presente momento, se a idéia tivesse sido aceita pelos times, não teria oferecido nenhum resultado diferente. Com duas vitórias, Button estaria em vantagem no certame. Ainda que vencesse o GP do Bahrein, Sebastian Vettel perderia o título na questão do desempate, que se daria pelos pontos. Chegaria a 20, enquanto Button já possui 21.
O sistema de pontuação de uma determinada competição nem sempre influi diretamente no resultado final da mesma, como pudemos confirmar nessa breve análise. Porém, muitas vezes, ajuda o público a compreender melhor a disputa.
Em uma coluna anterior, contei a história da pontuação na Fórmula 1. Desde 1950, ano do primeiro mundial, uma série de formatos foi utilizado. O caminho foi longo até chegarmos ao atual modelo.
No entanto, as corridas de carros não começaram na década de 50. Desde muito antes – mais precisamente em 1894 – já se realizavam competições automobilísticas, principalmente na Europa. Então, decidi ir mais a fundo nesta pesquisa e descobrir como os nossas antepassados ranqueavam as competições.
Em 1925, só para dar um exemplo, a disputa era restrita somente às montadoras, sendo o título de pilotos considerado como “não-oficial”. E se você, assim como eu, tem arrepios com as atuais propostas de Ecclestone, com certeza teria calafrios se vivesse à época.
Neste campeonato, vencido pela Alfa Romeo, a pontuação era bastante curiosa:
• 1º colocado = 1 ponto
• 2º colocado = 2 pontos
• 3º colocado = 3 pontos
• Demais classificados = 4 pontos
• Abandonos = 5 pontos
• Não largou = 6 pontos
Com apenas quatro etapas no calendário (EUA, Bélgica, França e Itália) seria campeão aquele que somasse menos pontos. Tazio Nuvolari e Peter DePaolo eram os pilotos da Alfa Romeo, que se consagraria com duas vitórias e sete pontos no total.
Já em 1935, a AIACR (Association Internationale des Automobile Clubs Reconnus) organizou um campeonato europeu, com passagens pela Alemanha, Itália, Bélgica, Espanha e Suíça. A pontuação havia sido revista, ficando da seguinte forma:
• 1º colocado = 1 ponto
• 2º colocado = 2 pontos
• 3º colocado = 3 pontos
• 4 pontos para quem completasse até 75% do percurso
• 5 pontos para quem completasse até 50% do percurso
• 6 pontos para quem completasse até 25% do percurso
• 7 pontos para quem não alcançasse 25% do percurso
• 8 pontos para quem não largasse
O suíço Rudolf Caracciola e a equipe Mercedes-Benz foram os campeões, com três vitórias e apenas 11 pontos somados. Luigi Fagioli, também da montadora alemã, ficou na segunda colocação, totalizando 17.
Logicamente, esses são alguns exemplos de formatos de pontuação ao longo dos tempos. Não quer dizer que, antes de 1950, apenas estes torneios foram realizados. Muito pelo contrário! Citei-os como exemplos, apenas para ilustrar os regulamentos que mais me chamaram a atenção.
Agora, cá entre nós, o Bernie teve em quem se espelhar, não?
Para terminar, confira como estaria a classificação do Mundial de Fórmula 1 de 2009 com base no regulamento da AIARC da década de 30:
1) J Button, 5 pontos;
2) S Vettel, 9;
3) R Barrichello, 10;
4) M Webber, 10;
5) N Heidfeld, 10;
6) T Glock, 11;
7) F Alonso, 12;
8) N Rosberg, 12;
9) S Buemi, 12;
10) S Bourdais, 12;
11) A Sutil, 12;
12) K Räikkönen, 12;
13) G Fisichella, 12;
14) J Trulli, 13;
15) F Massa, 14;
16) N Piquet Jr, 14;
17) K Nakajima, 14;
18) R Kubica, 15;
19) L Hamilton, 16;
20) H Kovalainen, 18.
Ainda assim, segue dando Button. É, Bernie. Desafio-te a bolar sistemas de pontuação mais complexos que estes!
Um grande abraço, pessoal. Até a próxima semana!
Ylan Marcel
www.motorizado.wordpress.com