Através do tempo: O GP de Suzuka é sempre especial

Por Ylan Marcel

Passei mal durante toda a semana. Enxaqueca, enjôos, dores de cabeça incessantes e vômitos. Depois de muito chá, Sonrisal e Epocler, a situação melhorou. Só que aí, já era quarta-feira…

Portanto, ainda convalescente, escrevo estas linhas. Como não tive condições de pesquisar um bom tema para este espaço, que aborda o passado da Fórmula 1, resolvi procurar em meu Eu interior algum assunto interessante para trocar com os leitores.

Nesta semana, vi algumas fotos da nova pista de Suzuka, no Japão. A reforma ficou bacana e a tradicional pista, que foi palco de todos os três títulos de Ayrton Senna, volta ao cenário neste ano. A partir de agora será assim. GP do Japão em ano ímpar, em Suzuka. Nos anos pares, volta Monte Fuji.

Não posso me vangloriar de estar há muitos anos acompanhando a Fórmula 1. Até porque tenho 28 primaveras recém-completadas (sim, nesta quinta-feira, 16 de abril, completo mais um ciclo!) e cheguei tarde a esse mundo para curtir as fantásticas exibições de Fangio, Clark, Stewart, Fittipaldi, Gilles, dentre outros.

No entanto, sou contemporâneo da entrada do GP de Suzuka no calendário da categoria. E, para mim, este é o momento de maior ápice da temporada, esteja o título decidido ou não.

Como nunca fui ao Japão, sempre acompanhei essa corrida de madrugada. E como sou grato por isso… O clima noturno é, em minha modesta opinião, o melhor para se assistir uma corrida de Fórmula 1.

É o momento em que quase todos já estão dormindo. Pego meu cobertor, meu travesseiro, apago as luzes da sala, fecho as cortinas e deito no sofá para curtir mais uma edição do GP do Japão. Claro que não poderiam faltar os já tradicionais biscoitinhos e refrigerante para me acompanharem em mais essa cruzada.

Passadas as fortes emoções das duas primeiras provas deste ano, nesta madrugada, olhei à penumbra e comecei a relembrar alguns GPs do Japão fantásticos.

Em 88, com apenas sete anos, vi Ayrton despencar na largada e passar um a um todos os seus adversários até chegar a Prost, que também seria deixado pra trás. Senna foi campeão. Um ano depois, vivi o inverso da medalha. Assisti Prost atingir Senna e faturar o tri. Em 90, lá estava eu madrugando de novo. Mas as emoções ficaram restritas a largada. Desta vez, Senna deu em Prost e ficou com o bi. Em 91, Mansell não resistiu e foi parar na brita. Senna ainda foi à caça de Berger, o ultrapassou e, nos metros finais, deixou o austríaco vencer.

No entanto, essa época de glórias para os brasileiros acabou e, com a morte de Senna, aprendi a enxergar talento em pilotos de outras nacionalidades. A vitória de Hill em 94, na mesma Suzuka, debaixo de chuva, derrotando na base da estratégia seu arqui-rival Schumacher, levou a decisão daquele ano para a Austrália.

Mas o inglês só sentiria o sabor do primeiro título em 96. Lembro como se fosse hoje o Galvão dizendo: “E Damon Hill é campeão mundial de Fórmula 1”, no exato instante em que a câmera cortou para o carro de Villeneuve, seu grande rival na temporada, lento, na grama, com um pneu furado.

Já em 98, quem não se lembra das duas largadas abortadas, uma vez por causa de Panis e uma outra graças a Schumacher, que deixou o motor morrer. Apesar da grande reação do alemão naquela prova, ele acabaria com um pneu furado. Já Mika, venceu sem ser incomodado e foi campeão.

Assim como em 99, quando assisti a etapa japonesa do quarto de uma pousada em Parati – pra onde viajei durante o feriado de Finados. Foi uma das maiores corridas do finlandês, que lhe garantiu o bicampeonato.

No ano seguinte, Schumi tirou a Ferrari da fila de 21 anos, também em Suzuka, corrida que acompanhei no quarto de minha mãe, quando ainda morava no bairro da Tijuca.

Em 2003, já na residência de meu pai, em Botafogo, presenciei o hexa do alemão, numa corrida onde ele fez muita besteira, ao passo que Barrichello venceu brilhantemente.

Em 2005, Kimi deu um drible em Fisichella, na última volta. Não tive dúvidas ao ver a manobra. Ali, mais uma inesquecível página da história do GP de Suzuka acabava de ser escrita. E entraria, desde já, para o grupo de boas lembranças que tenho desta pista.

Mas a decisão do título de 2006 seria ainda mais agitada, com um duelo épico entre Michael Schumacher e Fernando Alonso. Ambos chegaram empatados a Suzuka, penúltimo GP daquela temporada. O alemão, com uma Ferrari melhor, tentaria abrir vantagem na tabela de pontos, para garantir o oitavo título com um pódio no Brasil.

Porém, o destino foi cruel com o maior campeão de todos os tempos da categoria. Seu motor quebrou quando faltavam aproximadamente 15 voltas para o fim da corrida. O abandono foi sofrível. Schumacher cumprimentou, um a um, todos os integrantes do time, quando voltou ao box. Alonso, segundo até então, ganhou a vitória (e o título) de bandeja. Depois de largar em quinto, ganhou a posição de Ralf Schumacher na largada, foi para terceiro passando Jarno Trulli nos boxes e, na segunda rodada de pits, superou Massa. Bastaria um pontinho no Brasil para ser bicampeão. E acabou sendo, com todos os méritos, diga-se.

E essa foi a última vez que a Fórmula 1 passou por aquele emocionante circuito. Em 2007 e 2008, Monte Fuji – totalmente reformado – voltou ao cenário e apresentou vitórias de Lewis Hamilton e Fernando Alonso respectivamente.

E em 2009? Quem leva em Suzuka? Falta muito para a etapa japonesa, mas já estou ansioso por ver esta nova Fórmula 1 competindo naquela mágica pista.

Até a próxima: Suzuka 2009!

Ylan Marcel

www.motorizado.wordpress.com



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