Mundo Veloz: No topo do mundo, na ponta dos pés

Por Carlos Garcia

– Com todo cuidado. Foi assim que Lewis Hamilton disputou a última prova da temporada 2008 da Fórmula 1, aquela que, na ponta dos pés, o colocou no topo do mundo da Fórmula 1. É campeão, o mais jovem da história da categoria, o primeiro negro (ou afro-descendente, como preferem alguns).

– E foi por muito pouco, em uma corrida que foi a melhor decisão da história da categoria, o que já é “chover no molhado”. E foi “chovendo no molhado” que o título foi decidido. A chuva que caiu faltando poucas voltas para o final do GP era necessária para Felipe Massa, mas o aperto da chuva foi extremamente prejudicial, pois aquele que roubou a posição de Hamilton – falo de Glock, por ter ficado na pista – foi exatamente quem mais se prejudicou com a condição da pista.

– Nenhum dos dois, Felipe ou Hamilton, ganhando ou perdendo, merecia passar por isso. Sendo campeão, Lewis merecia um pouco mais de tranqüilidade em sua conquista, assim como Massa, que merecia saborear de forma um pouco mais doce a sua segunda conquista em um Grande Prêmio do Brasil, feito de suma importância.

– Os dois pilotos que chegaram ao Grande Prêmio do Brasil com chances de conquistar o título ficariam merecidamente com a taça. Os dois erraram, ambos fizeram corridas geniais, outras nem tanto e os dois souberam corrigir os erros que marcaram a breve carreira de ambos.

– Felipe sempre foi tido como um piloto afobado, que em momentos importantes cometia erros em nome do arrojo que faz parte de sua natureza. É claro que isso fez com que ele passasse por momentos bonitos na carreira – como as duas ultrapassagens sobre David Coulthard em Ímola – mas ao mesmo tempo o prejudicaram demais e quase o colocou fora de sua equipe, o principal deles aconteceu na Malásia quando jogou 8 pontos no lixo ao rodar sozinho quando era segundo colocado. Não fosse o erro e ele seria hoje o campeão do mundo.

– Hamilton também. Começou sua trajetória na Fórmula 1 no ano passado de forma fantástica, liderando o mundial, conquistando pódios logo de cara, vencendo corridas antes da metade do mundial, batendo de frente com o bicampeão mundial Fernando Alonso, enfim, fez sucesso apresentando muita velocidade. Porém no final da temporada, quando tinha o título nas mãos, não segurou o próprio ímpeto e cometeu erros bobos que lhe tiraram a taça praticamente garantida e impediram que ele fosse o primeiro campeão mundial na temporada de estréia.

– De por um lado Massa aprendeu que não se deve jogar nenhum ponto fora, Hamilton aprendeu o mesmo. Do outro lado Lewis aprendeu que é necessário manter uma posição quando não é possível conquistar mais uma, mesma lição aprendida por Felipe.

– Natural então que os dois terminassem o mundial tão juntos. Natural que essa temporada fosse decidida nos últimos metros. Natural que dois pilotos tão explosivos vivessem uma decisão tão conturbada. Natural e fantástico… Não vejo a hora de chegar o dia 29 de março de 2009 com a largada para o Grande Prêmio da Austrália. Palpites? É cedo ainda, mas já dá vontade de arriscar.

E mais…

– E aguardem, vem mais por aí. Ano que vem Lewis sofrerá menos pressão, Massa estará com a cabeça no lugar, Raikkonen não quererá passar vergonha, Alonso está de volta e Kubica deve ter um bom carro, será mais uma temporada igual ou melhor a 2008;

– Recorde de audiência em vários países da Europa mais uma vez o Brasil foi palco da decisão. É a quarta vez seguida. Em 2009, Abu Dhabi fecha a temporada, espero que não seja por muito tempo;

– Rubens Barrichello parece mesmo ter se despedido da Fórmula 1, infelizmente, pela porta de trás. Era melhor que tivesse logo anunciado que não disputaria a próxima temporada e assim ele poderia receber as justíssimas homenagens a que teria direito;

– A temporada de Nelsinho Piquet pode ser qualificada ainda como uma grande incógnita, e isso é um problema. Um ano inteiro se passou e é difícil afirmar do que ele é capaz. Irá correr mais um ano na Renault, um ano que será muito difícil, e terá Alonso mais uma vez ao seu lado, um grande risco;

– Bruno Senna está chegando, Di Grassi também. É quase certo que um guia para a Honda e outro para a Toro Rosso. São dois grandes pilotos, devem passar por dificuldades, mas é um grande alento para o esporte a motor do Brasil;

– David Coulthard terminou a temporada como começou, com um acidente. Só não se esperava que fosse logo na primeira volta. E mais uma vez faço a pergunta. Foi cedo ou já foi tarde?

– Coulthard sinceramente é um piloto que não me deixa saudade, exceto por sua pessoa. Sempre correu em equipes grandes e nunca fez nada de significativo. Mandem críticas à vontade, mas nada me convence que ele fará falta à Fórmula 1;

– Vettel, esse sim, vai longe. Difícil falar sobre o jovem que quase virou herói nacional ao passar Hamilton no final da prova. E não se enganem, ele faria o mesmo com Massa se fosse necessário e possível, esse está contando os dias para levantar o primeiro título;

– E não vale criticar Timo Glock. Não havia nada o que se fazer na última volta, ele não é culpado pela perda do título de Massa;

– E o mais bonito de tudo foi ver a Fórmula 1 de volta às primeiras páginas dos jornais. E isso, inegável, só é possível quando temos um piloto brasileiro em destaque. Continuo torcendo para que essa situação se mantenha, todos nós que gostamos de Fórmula 1 temos a ganhar.

– Comente, critique e elogie em http://mundoveloz.f1mania.net



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