Por Luís Joly
Após tantas provas emocionantes, o Grande Prêmio da China ficou marcado como uma das etapas mais monótonas do ano. E, se depender da McLaren, no Brasil será ainda pior. Ron Dennis, o chefe da equipe inglesa, já admitiu que fará de tudo para que a prova em Interlagos seja a mais entediante possível. Nada de surpresas, batidas ou milagres. Apenas uma corrida curta e previsível.
Felipe Massa agora chega para disputar o título no Brasil. Pela primeira vez na história, temos um dos nossos com chance de ser campeão em solo nacional. Porém, a tarefa do brasileiro é das mais ingratas e, se Lewis Hamilton não deixar o emocional fazer frente de novo, será o campeão em Interlagos. Por isso mesmo, seria bom que imprensa e torcida do Brasil não fizessem dessa disputa algo maior do que é. A desilusão seria grande.
Analisando a temporada que chega ao fim, fica agora um pouco mais claro como a Ferrari tinha tudo para conquistar os dois campeonatos – pilotos e construtores – e só deve ficar com o segundo. Erros infantis de Massa e da equipe ao longo do ano mostram que eles poderiam estar bem à frente do rival inglês, ou pelo menos, com chances mais reais de título. E não é preciso ir muito longe. Basta lembrar da Hungria e Singapura, provas recentes que teriam, provavelmente, a vitória do brasileiro. Somente com isso, seriam 20 pontos a mais para o piloto usar na briga.
Está nas mãos e pés de Lewis Hamilton a façanha de ser campeão em sua segunda temporada. Apesar de não ser algo inédito – Jacques Villeneuve fez o mesmo em 1997 após começar no ano anterior -, deve ser considerado. Hamilton, ainda jovem, vem construindo uma carreira cercada por muita polêmica, justamente o que mais costuma existir nos grandes pilotos. Ele consegue diferenciar-se dos demais pilotos no grid por sua ousadia que vai um pouco além do que a FIA gosta. E, em tempos onde qualquer manobra mais arredia pode terminar em punição, o inglês acaba virando manchete o tempo todo.
Dizem que brasileiro não desiste nunca. Massa continua com seu discurso de sempre, “fazer o melhor para a equipe”, mas agora adicionado de “é tudo ou nada”. Sabendo que Hamilton precisa apenas chegar em quinto para levar o caneco, precisará contar com todos os aliados e desafetos do piloto da McLaren para atingir seu objetivo. Além de Raikkonen, Fernando Alonso também pode ser um nome importante na pista brasileira.
No mais, é torcer mesmo. Torcer não só para que o título de Massa venha esse ano, o que já é quase impossível, mas especialmente para que a equipe italiana cometa menos erros em 2009.
RETA OPOSTA
O adeus de Barrichello?
Interlagos tem tudo para ser o último palco de Rubens Barrichello. O brasileiro, que fez uma boa prova na China, não parece ter convencido os japoneses da Honda com seus últimos discursos.
A volta da F-2?
Fala-se agora que a FIA pode trazer de volta das cinzas a Fórmula 2, extinta categoria que servia de base para a Fórmula 1 nos tempos de Fittipaldi. A razão seria um custo menor. Em tempos de crise global, é bom mesmo pensar em um plano B.
Crescimento da Renault
Fernando Alonso e Nelson Piquet conquistaram mais resultados nas últimas três provas do que em todas as corridas anteriores. Seria mais sábio por parte do espanhol ficar por lá mesmo para o ano que vem. O time deve vir mais forte ainda. Piquet vai para onde tiver um lugar. Resta saber se conseguiu convencer a equipe francesa a deixá-lo ficar por lá.
GP de Abu Dhabi