Coluna do Joly: As tradicionais reuniões de segunda

Por Luís Joly

Vendo o que aconteceu com Felipe Massa após o Grande Prêmio da Cingapura, fica a óbvia dúvida sobre o quanto tecnologia demais pode atrapalhar. Em um cenário perfeito, a primeira corrida noturna na história da Fórmula 1 mostra como ainda é antagônica a verdadeira necessidade de novas e mirabolantes fórmulas para substituir o que já existe e foi testado. No caso do “pirulito digital” (seria algo assim?) que causou praticamente o fim da prova para o brasileiro, não só isso fica provado, mas também que algo muito confuso vem acontecendo na Ferrari há algum tempo.

A Ferrari vive um martírio durante todo o ano de 2008. Erros de pilotos e equipe beiram o amadorismo, e deixam perplexos fãs, especialistas e imprensa, dando a impressão de que a equipe, na verdade, está perdendo pra ela mesma. Felipe Massa já havia declarado antes que a Ferrari não poderia cometer mais erros. Cometeu e, novamente, ele perde a chance de reassumir a liderança do campeonato. A corrida estava na mão dele.

A forma como a Ferrari conduz suas estratégias na Fórmula 1 desde a saída da trupe liderada por Michael Schumacher nos faz pensar para que realmente servem as tão temidas reuniões de segunda-feira do time italiano. O que fazem os dirigentes? E os funcionários, que já devem estar acostumados a levar broncas, advertências e afins? No caso do erro principal de Cingapura (afinal, Kimi também errou ao bater no fim), ficou claro que a luz verde acendeu e Massa receber, portanto, a permissão para acelerar. Ficam de lembrança as bizarras imagens vistas. A mangueira saindo junto com o carro, os mecânicos, correndo até o bólido vermelho parado no fim do box e, após, voltando desolados com a mangueira quebrada em seus ombros.

Restando apenas três corridas para o fim da temporada, Massa agora não depende somente dele para o título. Restam as comparações com anos anteriores. Kimi também não tinha muitas chances em 2007 e conseguiu um título incrível no fim – com a ajuda de Massa. Este ano, o finlandês ainda não aceita retribuir o favor ao brasileiro, apesar da Ferrari já ter dito publicamente que Massa será o número 1 para o restante do ano. Quem sabe, eles disseram isso a Räikkönen durante a última reunião de segunda-feira – afinal, elas não surtem efeito mesmo.

De uma forma de ou de outra, a Ferrari parece ter percebido, já durante a corrida, que nem sempre o que é novo é melhor. Esperamos que o pirulito de sempre volte. Para ganhar o título, Felipe Massa receberá toda a ajuda de sua equipe. Mas não custa reforçar: muito ajuda quem não atrapalha.

RETA OPOSTA

Cingapura X Cingapura

A Fórmula 1 deixa para trás um cenário de pura modernidade e que certamente impressionou a todos. Vale lembrar que a etapa de Interlagos será a última da temporada. Longe de Cingapura, a visão que o mundo terá será do Cingapura, as casas populares que cercam o autódromo no bairro de Interlagos. Quanta diferença…

O Rubinho de sempre

Foi absolutamente impagável a imagem de Rubens Barrichello tentando jogar a balaclava para a torcida na arquibancada após abandonar a corrida (para quem não viu, o objeto foi parar na água devido ao vento). Certamente, entra para a galeria dos “melhores” momentos do piloto em sua carreira, que pode chegar ao fim ainda esta temporada, já que seu futuro ainda não foi definido.

Piquet X Alonso

O mundo inteiro já espera uma diferença razoável entre Fernando Alonso e Nelson Piquet, devido ao currículo e experiência que os separam. Porém, a paciência da Renault deve estar no fim (se já não está) após mais um erro de Piquet. Quanto a Alonso, mostrou mais uma vez que piloto com estrela faz diferença. E o campeonato, que normalmente seria dominado apenas por Ferrari e McLaren, já conta com vitórias de BMW, Renault e até STR. Viva a diversidade.



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