Por Carlos Garcia
– Bandeiras brasileiras tremularam em Valência no último domingo. Sim, não é só uma expressão de linguagem usada para compor o comentário sobre a vitória de algum esportista do Brasil. A transmissão da Fórmula-1 mostrou assim quem Massa cruzou a linha de chegada os torcedores que estavam em um iate balançarem a bandeira verde e amarela.
– Vou fazer coro com muitos os que utilizaram temas olímpicos em seus textos durante este final de semana, pois acho que é a analogia é muito válida. Será mesmo que foi uma vitória do Brasil em Valência?
– Felipe Massa é um piloto que não teve apoio de ninguém enquanto correu em nosso país, tanto que poucos sabem dos seus feitos por aqui. Ele foi descoberto enquanto competia pela tenebrosa F-3000 européia por Nicholas Todt, filho de Jean, que hoje é seu empresário. Antes disso teve até mesmo de vender garrafas vazias de refrigerante e cerveja para garantir sua sobrevivência na Europa, e quando falo em sobrevivência quero dizer pagar aluguel e comer todos os dias mesmo. E mesmo assim o Brasil é um país que tem 8 títulos mundiais de Fórmula 1.
– É muito do que vimos nesses últimos dias em Pequim. Enquanto o Comitê Olímpico Brasileiro se aproveita de talentos individuais para vender a imagem de que um bom trabalho está sendo feito, talentos desconhecidos faziam a festa de todos. Você sabia que César Cielo – desconhecido da grande massa – foi viver e treinar nos EUA para poder estudar e porque aqui não temos competições de alto nível para que ele pudesse se desenvolver? E a Maurren? Quem deu apoio para que ela se livrasse dos problemas pelos quais passou quando foi pega no exame antidoping?
– Enquanto atletas de quem nada esperávamos conquistavam seus resultados, outros sucumbiram à pressão de ter de fazer por merecer tanta expectativa gerada em cima deles. Algo como o que aconteceu com Diego Hypólito já foi visto também na Fórmula-1 com Rubens Barrichello, que também não agüentou a expectativa depositada sobre ele.
– O porquê a comparação? Porque o triste desempenho do Brasil nos Jogos Olímpicos nos mostra que não há uma política de apoio ao esporte no nosso país, mesmo com as condições tão favoráveis de clima e biótipo que temos por aqui. E em esportes tradicionais – como é o automobilismo – a situação não é diferente, pois sofremos muito com a falta de uma categoria de base para formar novos pilotos que um dia chegarão à Fórmula 1.
– Parece que é fácil viver à sombra dos resultados de talentos e principalmente esforços individuais no Brasil enquanto as federações enriquecem com contratos milionários que são fechados às vésperas do único momento onde esses atletas são mais valorizados, as Olimpíadas. Da mesma forma acontece com os pilotos, que conseguem bons patrocínios e apoio apenas quando estão para entrar na Fórmula-1 ou quando tem um sobrenome famoso.
– E depois os responsáveis pelo nosso esporte ainda se vangloriam por ver a bandeira brasileira tremular por aí.
E mais…
– Esperava mais da nova pista de Valência. Ou talvez não da pista, mas de sua corrida. O local é lindo, a ponte é interessante, mas faltou emoção. Em uma temporada de boas corridas a pista de rua ficou abaixo da média do ano;
– E o que acontece com o finlandês Kimi Raikkonen? Mal na pista, erro nos boxes. Até o seu velho e bom azar parece que voltou a rondar o piloto. Quando as coisas não vão bem é assim mesmo;
– Após ser liberado antes do tempo para sair do pit de forma perigosa Felipe Massa foi multado em 10 mil euros. Dessa vez da para perguntar: Quem paga a conta?
– Havia uma boa dose de raiva na comemoração de Felipe Massa após sua vitória. Não poderia ser diferente, mas ainda é preciso mais trabalho da equipe, pois o estouro no motor de Raikkonen mais uma vez assustou;
– Ao que tudo indica o brasileiro irá utilizar sua “troca coringa” de motor para o Grande Prêmio da Bélgica. Isso tira a possibilidade de um motor apenas para a etapa final em Interlagos, quando ele poderia ir para a pista com uma configuração um pouco mais agressiva;
– O espanhol Fernando Alonso mais uma vez não completou uma prova na Espanha. E olha que esse ano essa já foi a segunda chance;
– Grande Prêmio do Mediterrâneo, um belo nome para um GP. É assim que se chamará a prova no ano que vem quando Nurburgring recebe a etapa alemã. Como o nome é posse de Hockenheim a etapa daquele país volta a se chamar Grande Prêmio da Europa.