Coluna do Joly: Fila indiana na Espanha

Por Luís Joly

Novos circuitos na Fórmula 1 são sempre interessantes para a maioria dos lados. Para o público, que tem a chance de ver um novo cenário, para os pilotos, que podem conhecer uma pista diferente com desafios desconhecidos (teoricamente, a natureza da Fórmula 1 ainda é o amor pela velocidade), e especialmente para a cidade que o recebe, já que a categoria é uma enorme fonte de rendas e turismo internacional.

Valência preenche quase todos os fatores acima. O lugar é paradisíaco, cenário belíssimo e público apaixonado. Só faltou a pista ser mais interessante. Afinal, que me corrijam se eu estiver errado, mas a única tentativa de ultrapassagem que vi na prova toda aconteceu na largada, quando David Coulthard arriscou algo – e ainda se deu mal. O que vimos foram quase duas horas de uma corrida em que o único interesse era ver a ponte no meio do traçado.

Mas, como em qualquer outro segmento empresarial, o que fala mais alto ainda é o dinheiro. E, pelo jeito a corrida deve render uma boa quantidade dele, já que deve voltar no ano que vem com o nome de “Grande Prêmio do Mediterrâneo”. O bom da mudança do nome é a volta da bela Nurbürgring, que sempre rende ótimas corridas.

Alguns compararam Valência a Mônaco. Mas, para mim, me lembra mais pistas como as disputadas em circuitos de rua nos Estados Unidos e Canadá, como em Toronto e Detroit. De qualquer forma, a F-1 já tem sua Mônaco, e outra me parece um desperdício de calendário, com tantas pistas boas disponíveis no mundo.

Massa | Mais uma vez, fica a prova de que Felipe Massa é o piloto mais determinado a conquistar o título de 2008. Lewis Hamilton também vem muito bem, mas Massa parece mais obstinado do que o inglês. A vitória em Valência nos fez esquecer a falta de sorte na Hungria? Não. Pelo contrário, nos faz pensar como ele estaria distante de Hamilton se tivesse vencido também aquela prova.

Do outro lado da Ferrari, Kimi Räikkönen mescla uma aparente falta de interesse com uma apatia incomum. Vem cometendo erros e sempre andando na sombra de Felipe. A equipe italiana, em breve, deve começar a dar preferência mais clara ao brasileiro. Mas, cá comigo, fica sempre um complexo de inferioridade (quem sabe, típicos dos brasileiros) de achar que a Ferrari ainda confia mais no finlandês. Pode até gostar mais de Massa, mas prefere o trabalho de Kimi. Será que só eu penso isso?

Felipe aproveitou o momento olímpico para chamar sua conquista na Espanha de “medalha de ouro”. Foi mesmo um ouro, irretocável. Se a Ferrari conseguir combater os intermináveis erros infantis que os perseguem toda corrida, me arrisco a dizer que Massa tem enormes chances de faturar o caneco no fim do ano. Resta saber se o time vermelho consegue acompanhar sua vontade.

RETA OPOSTA

E o nosso Hino?

A FIA bem que podia aprender um pouco com o COI (Comitê Olímpico Internacional) e dar um jeito no nosso hino. Ok, ambas as versões são gritantes, mas ao menos a usada nas Olimpíadas mostra o trecho final do hino, justamente a parte mais impactante. Além do mais, o hino da Itália é bem mais longo que o nacional na hora do pódio. Será que ninguém repara nisso?

O motor da Ferrari…

…pediu arrego de novo. Em uma cena quase igual a que vimos na Hungria, mas desta vez com Räikkönen. Motor Ferrari quebrando, o que antes era uma raridade, virou algo preocupante. Passaram-se três semanas entre a Hungria e Valência. Espero que a Ferrari tenha trabalhado nisso para as demais corridas.

E o Alonso?

Pobre Alonso. Falou tanto que ia ser mais agressivo nessa prova, mas sequer apareceu nas telas. E ainda, foi abalroado por Nakajima logo na primeira volta.



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