Por Sandro Mendes
“Um sábio vivia em uma ilha extremamente pobre. Um dia ele teve a visão de que a ilha estaria afundando. Reuniu todos os moradores e propôs que fizessem um grande barco para que ninguém se afogasse. Porém, os habitantes locais, todos preguiçosos e com medo de trabalhar, resolveram ignorar a previsão do sábio.
Cansado de insistir com a população, o sábio resolveu construir um barco só para ele. Meses se passaram sem que a ilha afundasse e o sábio começou a servir de chacota para todos, que punham em dúvida a sua sabedoria. Aborrecido, ele resolveu abandonar a ilha.
Depois de navegar por muito tempo, o sábio avistou uma outra ilha imensa, com prédios exuberantes, belos carros e praias limpas. Aquela visão de tamanha riqueza encheu seus olhos e ele sentiu que viveria ali por muito tempo, provavelmente até a sua morte.
Anos depois, extremamente rico e saudável, o sábio resolveu pegar seu iate e visitar o local onde antes existira a ilha que ele abandonara.
Ao chegar lá, espantou-se ao ver que a ilha ainda estava de pé, porém, ainda mais pobre. Crianças andavam descalças e tinham a barriga repleta de vermes. As ruas estavam todas sujas e os carros eram velhos e mal cuidados. O esgoto, a céu aberto, provocava um cheiro insuportável. Os idosos encontravam-se todos doentes e os homens com idade de trabalhar ficavam encostados na sombra, comentando a vida alheia.
De repente, um deles avistou o sábio e veio falar com ele, zombeteiro:
– Olha só quem está aqui: o ex-sábio, o mesmo que um dia fez a previsão de que a ilha afundaria. Como você mesmo pode observar, ex-sábio, a ilha ainda não afundou.
Entristecido com a atitude do sujeito, mas ao mesmo tempo consciente de sua sabedoria, o sábio disse:
– Você está completamente enganado, meu amigo. Esta ilha já afundou há muitos e muitos anos. Vocês é que ainda não perceberam isso…
E assim mais uma vez o sábio deixou a ilha. Dessa vez, para não voltar mais.”
Escrevi esse texto há vários anos. Meu objetivo era mostrar a importância da mudança. O trânsito brasileiro, por exemplo, é como uma ilha prestes a afundar. Matamos e morremos aos montes, por irresponsabilidade, por falta de consciência e respeito ao próximo. É uma barbárie.
Atualmente, viajar é o mesmo que guerrear. Não quero enterrar meus filhos amanhã porque um louco bêbado atravessou o caminho deles. Precisamos mudar, fazer algo. É preciso mexer as peças no tabuleiro para que apareçam novos caminhos.
Não sei dizer ainda se a Lei Seca é boa ou ruim. Sei apenas que ela representa uma mudança e, portanto, já é um passo.
Um abraço do Piloto X. Paz.
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