Coluna Mundo Veloz: O fator Ross

Por Carlos Garcia

– Voltemos ao ano de 2000, em Hockenheim. A pista estava úmida devido a uma garoa que chegava ao autódromo e eram as últimas voltas do Grande Prêmio da Alemanha daquela temporada. Rubens Barrichello era o líder à frente das McLaren da Hakkinen e Coultharda pós ter largado em 18º. A comunicação foi intensa durante toda a corrida para que ele pudesse alçar às primeiras posições e no final a dupla conversava ainda mais pois o brasileiro tinha pneus para pista seca. Com decisão conjunta de permanecer na pista ele conseguiu a primeira de suas vitórias na Fórmula-1.

– Ross Brawn foi estrategista de Michael Schumacher desde os tempos de Benetton e muitos dizem que ele é o mago por trás dos sete títulos do piloto alemão. Schumacher venceu corridas parando 1, 2, 3 e até 4 vezes no Box, sempre executando com perfeição as decisões do dirigente inglês. Não é a toa que, com a saída de Michael no final de 2006, Ross Brawn decidiu tirar um ano inteiro de folga da Fórmula-1 onde, dizem, foi pescar em companhia da família.

– Disposta à entrar em algum momento no rol das grandes equipes da Fórmula-1, a Honda surpreendeu a Ferrari e contratou para si os serviços de Ross, que teve prometido um carro de 2009 projetado à seu gosto e que conta com o apoio da equipe em suas decisões – não é a toa que a Super Aguri faliu, Ross acertadamente decidiu que uma equipe de fundo de grid não pode investir em um time B.

– No último Grande Prêmio da Grã Bretanha a dupla citada no primeiro parágrafo – Brawn/Barrichello – mais uma vez conquistou um resultado fantástico para os atuais padrões da Fórmula-1. A chuva apertou, mas passaria rápido e os pneus de chuva equipados em qualquer carro não seria satisfatórios por muito tempo. Mesmo assim Ross Brawn atendeu os pedidos de Barrichello e deu as diretrizes para que ele pudesse conquistar um resultado perfeito para a condição do carro que pilota.A dobradinha dos dois foi responsável por esse pódio. Ross mais uma vez mostrou a que veio.

– Parece que, ao contrário da Toyota, a Honda quer crescer e não só gastar dinheiro, para isso trouxe profissionais necessários para as áreas mais carentes do time, algo que a rival não consegue enxergar.

– Já a Ferrari, antiga casa de Brawn, se perde nas estratégias e ações simples de corrida desde o ano passado quando o inglês deixou a equipe. No domingo, enquanto Barrichello subiu ao pódio, os dois pilotos de Maranello foram prejudicados por uma tática boba da campeã do mundo. Posso afirmar com segurança… a Ferrari sente saudades de Ross Brawn.

E mais…

– Apesar dos erros da Ferrari a corrida de Felipe Massa teve um agravante enorme que foi a sua própria atuação onde cometeu inúmeros erros na chuva e em momento nenhum imprimiu ritmo combativo. Perdeu a chance de se manter sozinho na liderança por conta de suas 5 rodadas e agora terá situação mais difícil na seqüência do campeonato;

– De qualquer forma, Felipe é um piloto que se dá muito bem com as críticas e cresce na adversidade. Podemos esperar bons desempenhos dele já a partir da próxima prova mais uma vez;

– Lewis Hamilton mostrou cabeça em casa e, sem cometer erros, faturou de forma soberba sua terceira vitória na temporada. Sim, a McLaren melhorou suas condições e dessa forma ele sabe se aproveitar da situação;

– Nelsinho Piquet já não sabe mais o que é o risco de perder a vaga ainda no meio dessa temporada. Quando rodou devido à inevitável aquaplanagem ele era quarto colocado e mais uma vez ultrapassou seu companheiro Fernando Alonso em pista;

– Donington na área? Silverstone fora? Realmente uma pena que a Fórmula-1 deixe o palco que recebeu a primeira prova válida por um mundial da principal categoria do automobilismo mundial. Mas acontece que, assim como no Brasil, o governo inglês está mais preocupado com a realização das Olimpíadas 2016;

– A F-Truck sorrateiramente correu ontem em Interlagos mesmo contra as recomendações da empresa que realizou a cara reforma do asfalto do autódromo paulista. A categoria contratou uma empresa para avaliar quais seriam as conseqüências da passagem dos pesados caminhões no melhor piso do mundo e o laudo sai hoje. E se teve alguma conseqüência? O que irão fazer?

– Na Stock a vitória de Ricardo Maurício elege o favorito ao título da temporada, basta manter o ritmo. Vem aí a corrida do milhão no Rio com dois abastecimentos e possíveis trocas de pneu. Será que a Mattheis – dona de quatro vitórias na temporada – consegue manter o nível e dar um prêmio milionário a um de seus pilotos?